Cuidado com a ignorância sincera e a estupidez consciente

Precisamos buscar informações confiáveis, junto a profissionais que sejam competentes

Da Redação Da Redação -
(Foto: Arquivo Pessoal)

OPINIÃO – PEDRO SAHIUM | Quando abro os jornais (na verdade não os abrimos como no sentido antigo, nós os acessamos) vislumbro a disputa democrática, que já se faz ‘quente’, pelas prefeituras e câmaras municipais nos nossos mais de 5.500 municípios (mesmo sendo pré-campanha). E em Anápolis? Com uma população de maioria católica, seguida por uma grande leva de protestantes (evangélicos) o debate político tem mesmo um componente de dobra religiosa. Então, faz-se importante (a meu ver) as seguintes lembranças aos anapolinos:

1) Uma igreja cristã não deve ter partido, e nunca deveria ter, mas, a igreja deve ter um lado, o da justiça, da igualdade, da solidariedade, da liberdade religiosa (por isso a defesa do Estado laico), do respeito e da inclusão social.

2) Diante de projetos antagônicos, democrático e autoritário, deve-se optar por aquilo que promove a participação livre dos cidadãos, ou seja, democrática, e não cabe posição de neutralidade: “Porém, corra a justiça como um rio, e a retidão, como um ribeiro perene”. (Amós 5:24).

3) O uso do nome de Deus em qualquer programa ou slogan de candidatos deve ser visto como abjeto, já vimos esse uso (e abuso) muitas vezes na história e no fim acabamos presenciando perseguições, ódios, divisões e muito sofrimento.

4) A disputa não é religiosa e nem da escolha de um “candidato perfeito” mas de projetos que precisam esclarecer a prioridade dos gastos públicos e a solução de problemas que afligem a sociedade como um todo e as parcelas mais pobres da sociedade de forma mais específica (problemas de emprego e renda, de saneamento básico, de educação pública de qualidade e universalizada etc.)

5) Aproximar a figura simbólica de Jesus de um candidato, qualquer que seja, é uma tendência para o mal.

6) Conduzir o debate público e político no caminho da desinformação, do vale-tudo, do desrespeito e das fake news é deteriorar as bases da democracia e da possibilidade de vida e de direção autônoma da nossa sociedade.

7) O processo de pacificação da nossa sociedade, tão duramente dividida nas últimas eleições presidenciais, depende não apenas dos políticos ou de candidatos, mas, de todos nós.

8) É preciso lembrar que os “boatos” sempre existiram, sempre ouvimos a construção narrativa de uma “realidade alternativa inventada”, por isso, todos nós precisamos de filtros para nos defender das fake news.

9) Ninguém faz política sozinho, veja quem são as pessoas que acompanham o candidato, a história deles, a vida profissional e as ideias que norteiam o grupo político a que eles pertencem.

10) É preciso abandonar posições ingênuas quanto a disputa pelo poder (em todos os níveis) e recordar das palavras do pastor Batista e ativista político norte-americano Martim Luther King: “Nada no mundo é mais perigoso que a ignorância sincera e a estupidez consciente”.

Por isso, precisamos buscar informações confiáveis, junto a profissionais e estudiosos das áreas e temas que nos interessam e que, comprovadamente, sejam competentes nestes estudos e não apenas “palpiteiros”. Destes últimos já os temos em abundância nos “zaps” da vida…

Dr. Pedro Fernando Sahium

Doutor em Ciências da Religião pela PUC – GO
Mestre em educação pela PUC – GO
Pesquisador em “Cultura Midiática, Economia Religiosa e Juventude”; Professor de Didática e Metodologia no ensino de História – Universidade Estadual de Goiás (UEG) – [email protected]

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