Anápolis precisa saber quem é Daniel Duarte

Superando perdas ao longo de sua jornada, ele encontrou inspiração para seus roteiros ao se tornar agente de saúde. Vencedor de festivais, mantém a paixão pelo cinema e pela saúde, acreditando em seu impacto social

Narelly Batista Narelly Batista -
Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Daniel Duarte é um dos cineastas mais produtivos da cidade, mas para chegar onde está hoje, precisou perder. Daniel foi criado por sua avó. Em 2010, ela teve um AVC que o deixou sem recursos para suprir as necessidades mais básicas. Na época, sua irmã o inscreveu em um concurso de agente de saúde do município que mudou sua vida.

No trabalho, percebeu que a atividade, seria um marco para sua formação enquanto roteirista e cineasta. Batendo de porta em porta e conversando com as pessoas mais simples, viu as histórias mais incríveis e tristes. Nessa jornada, tomou muito café, foi percebido como um amigo para conversar.

Voltava para casa montando na cabeça roteiros com todas aquelas histórias que ouvia. Desde muito pequeno sempre adorou o cinema. Com Matheus, seu hoje sócio na Velejo Filmes, cresceu desbravando formas de contar histórias através de vídeos. A virada da vida veio quando viram um anúncio de premiação do Festival Anapolino de Cinema. Participaram das oficinas e da mostra competitiva. Ganharam o primeiro prêmio que deu a eles a chance de adquirir equipamentos melhores para as produções. Coisa muito cara e que o salário de agente de saúde não possibilitaria jamais.

Mais tarde vieram aprovações no Fundo Estadual de Cultura e viagens internacionais levando os materiais sonhados e produzidos na cabeça de um agente de saúde que se apegava aos pacientes que acompanhava como quem tem saudades da avó. Durante a pandemia, perdeu a maior parte deles. Em sua maioria idosos. Isso rendeu uma animação, onde contou os desafios da categoria durante este período. “Fomos muito humilhados”.

Daniel viaja muito e pode sim ser considerado uma figura de sucesso no cinema goiano, mas diferente de muitos que pensam em deixar tudo depois do sucesso, Daniel persegue uma ideia meio franciscana de acreditar no que faz. No cinema e na saúde. “O agente de saúde é um termômetro da sociedade. Somos bem tratados quando a saúde funciona, quando tem postinho, quando tem gestão”. Daniel sabe que como agente de saúde enfrenta o desgaste que quem está lá em cima com a caneta na mão, mas que no cinema pode contar também sobre a destruição de quem está com a caneta.

Narelly Batista é jornalista por formação e produtora cultural por vocação. Escreve sobre Cultura no Portal 6. Siga-a no Instagram @narellybatista.

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