THIAGO BOMFIM
A UNAMA, agência da ONU no Afeganistão, criticou uma nova lei do governo talibã que proíbe mulheres de usarem a voz fora de suas casas.
Nova Lei no Afeganistão foi chamada de “apartheid de gênero” pela ONU. A “A Lei sobre a Promoção da Virtude e a Prevenção do Vício”, promulgada na última semana, tem 35 artigos e prevê novas regras para a vida cotidiana.
Regras miram em liberdade de mulheres. Entre as novas regras, estão a obrigação das mulheres cobrirem o corpo todo a todo momento, não usarem suas vozes fora de casa e não olharem para homens com quem não são relacionadas por sangue ou por casamento. O artigo 19 proíbe a música, vista como imoral pelos talibãs.
Representante da ONU critica novas medidas. “É uma visão angustiante para o futuro do Afeganistão, onde os inspetores morais têm poderes discricionários para ameaçar e deter qualquer pessoa com base em infrações amplas e por vezes vagas. Amplia as já intoleráveis restrições às mulheres e meninas afegãs, considerando até mesmo o som de uma voz feminina fora de casa uma violação moral”, publicou Roza Otunbayeva, Representante Especial do Secretário-Geral e chefe da UNAMA.
União Europeia se diz “consternada” com nova Lei. A organização considerou o decreto “mais um golpe” contra os direitos das mulheres e meninas no Afeganistão.
Organização estuda nova lei e tenta diálogo com talibãs. A ONAMA pede que o governo do Afeganistão reverta as políticas que afetem os direitos humanos das mulheres e meninas afegãs.
Talibã diz que medidas serão aplicadas “com moderação”. “Devo deixar claro que a força e a opressão não serão usadas na aplicação dessas regras”, declarou nesta segunda-feira (26) o porta-voz adjunto do governo, Hamdullah Fitrat, em uma mensagem de voz compartilhada com as agências de notícias. Segundo ele, as regras “serão aplicadas com cuidado, apelando para a compreensão das pessoas e as orientando”.