Pavor de dirigir: psicóloga anapolina explica como fobia pode também afetar familiares e amigos

Intensidade do medo também pode variar, indo de um simples desconforto até total terror

Davi Galvão Davi Galvão -
Pavor de dirigir: psicóloga anapolina explica como fobia pode também afetar familiares e amigos
Imagem ilustrativa de uma mulher ao voltante (Foto: Ilustração/Freepik)

Não houve um dia sequer no qual André Ramos, anapolino de 22 anos, precisasse pegar estrada com a mãe como passageira e o clima no automóvel não se tornasse insuportável.

Com medo de dirigir em rodovias, ela recorre ao filho para fazer os trajetos sempre que a necessidade surge e, em entrevista ao Portal 6, ele garantiu se tratar de uma experiência extremamente estressante para ambos.

“Vê um caminhão lá na frente, só falta pular do banco. A via é de 80 km/h, mas se a gente realmente chega perto desses 80 cai o mundo, já fica falando que vai bater, que um milhão de coisas vão acontecer”, contou.

Em certa ocasião, o descontrole da mãe foi tão forte que, enquanto passavam pela GO-060, sentido Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia), ela começou a chorar de nervosismo e a bater no teto do carro.

“Eu entendo que é uma fobia dela, não é algo que ela faz de propósito, mas ainda assim estressa, tira a atenção. Mas se o medo dela é acontecer um acidente, ela tá fazendo justamente algo que aumenta a chance deles acontecerem”, complementou.

Porém, o caso da mãe de André não é incomum e tem até mesmo um nome: amaxofobia, que diz respeito ao temor irracional de dirigir ou mesmo estar em um veículo.

Em entrevista ao Portal 6, a psicóloga especialista em traumas e fobias, Karlla Cristina de Paula, destacou que casos do tipo são frequentes nos atendimentos e estão ligados principalmente a pessoas que lidam com problemas de ansiedade.

“O medo de dirigir, de estar em um veículo, normalmente acontece em pacientes que enfrentam quadros de ansiedade. Claro, um trauma no passado também pode instigar essa fobia, mas muitas das vezes pessoas que não tiveram nenhuma experiência ruim no volante apresentam esse medo”, detalhou.

Karlla Cristina é psicóloga e especialista em traumas e fobias. (Foto: Arquivo Pessoal)

Embora não restrito a nenhum gênero, ela detalhou que a maior parte dos pacientes é formado por mulheres.

“Com relação ao sexo, vivemos em uma sociedade que já impôs padrões de comportamentos e expectativas sobre os gêneros desde que a pessoa nasce. Assim, homens normalmente não tem essa limitação por uma questão cultural, além de um pouco hormonal também. Agora, com relação às mulheres, já há todo um esterótipo em volta do tema que infelizmente limita muitas delas na hora de dirigir”, disse.

A psicóloga explicou que embora muitos idosos possam apresentar essa fobia, ela foi se disfarçando com o tempo, com os filhos e netos sendo incumbidos de dirigir e levá-los aos locais. Por outro lado, um quantitativo muito maior de jovens precisa encarar diretamente o problema, especialmente na hora de tirar a carteira.

Os sintomas variam de caso a caso, com alguns quadros mais sensíveis. Há aqueles que se sentem muito nervosos, mas conseguem dirigir, como também casos nos quais o medo é tão paralisante que sequer conseguem ficar atrás do volante.

Neste último caso, é comum que a aflição e insegurança se projetem para companheiros, amigos ou qualquer outra pessoa encarregada de conduzir o automóvel, o que explica o caso da mãe de André.

Reconhecida a fobia, Karlla salientou que o acompanhamento psicológico é essencial, justamente para descobrir de onde vêm os pensamentos negativos e tentar enfraquecê-los, trabalhando questões do passado, presente e futuro.

“Nos casos mais graves, também é preciso de uma dessensibilização progressiva, com o paciente indo dirigir, de preferência na companhia de um parente ou instrutor, em uma rua calma, para ir controlando este medo”, pontuou.

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