Guatemala aceitará voos dos Estados Unidos com deportados de outros países
Declaração foi dada após reunião de Arévalo com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, nesta quarta-feira (5)
FOLHAPRESS – O presidente da Guatemala, Bernardo Arévalo, afirmou que o país aceitará 40% mais voos de deportação dos Estados Unidos, tanto com guatemaltecos como imigrantes de outras nacionalidades.
A declaração foi dada após reunião de Arévalo com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, nesta quarta-feira (5).
Durante entrevista coletiva ao lado de Arévalo, Rubio disse que havia prometido apoio dos EUA aos esforços do país centro-americano para repatriar pessoas que não são da Guatemala aos seus países de origem.
O principal diplomata de Washington, que faz um giro pela América Central para discutir migração em sua primeira viagem ao exterior no cargo, afirmou que a oferta de Arévalo para aumentar o número de voos aceitos pela Guatemala foi “muito importante para nós em termos da situação migratória que estamos enfrentando.”
“A disposição dele de aceitar não apenas nacionais, mas também aqueles de outras nacionalidades enquanto buscam, em última instância, retornar aos seus próprios países, também é importante, e nós prometemos nosso apoio a esses esforços,” afirmou o americano.
Os detalhes do aumento nos voos serão discutidos em grupos de trabalho a serem estabelecidos, disse Arévalo. Não foram informados detalhes de como a Guatemala irá lidar com os deportados de outros países o país tem programas de acolhimento de guatemaltecos repatriados.
O presidente do país centro-americano afirmou ainda que aceitar criminosos não foi discutido na reunião com Rubio, após o vizinho El Salvador ter oferecido, na segunda-feira (3) abrigar em suas prisões “criminosos perigosos” de qualquer parte do mundo deportados pelos EUA.
O preço para El Salvador seria uma taxa “relativamente baixa para os EUA, mas significativa para nós, tornando todo o nosso sistema prisional sustentável”, afirmou na rede social X o presidente do país, Nayib Bukele.
O líder chamou a oferta de uma “oportunidade de externalizar” parte de seu sistema penitenciário.
Além de facilitar o caminho para que Washington envie migrantes de volta aos seus próprios países, Rubio, em suas visitas nesta semana, buscou garantir acordos a partir dos quais nações acolham cidadãos de outros países que não aceitam deportados.
Cuba e Venezuela, por exemplo, têm relações frias com os EUA e no passado limitaram o número de deportados que aceitam, embora a gestão Trump diga que o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, concordou em aceitar de volta os cidadãos de seu país.
Desde que assumiu o cargo em 20 de janeiro, Trump aumentou o número de migrantes que os EUA deportam para a América Latina, incluindo com o uso de aviões militares para voos de repatriação.
A gestão do republicano removeu no início desta semana a proteção contra deportação de centenas de milhares de venezuelanos nos EUA que se mantinham no país a partir de status especial temporário concedido durante o governo de Joe Biden.
O novo governo americano também resolveu ampliar instalação na Base de Guantánamo, no sul da ilha de Cuba, para que o local possa abrigar cerca de 30 mil migrantes. Washington iniciou voos de deportação para a base nesta terça-feira (4).
Outros países têm adotado políticas deportação nos últimos anos, embora com diferenças relativas ao governo Trump.
No fim de janeiro, a Itália retomou o envio de imigrantes resgatados em alto-mar para para a Albânia, com uma embarcação com 49 deles.
O controverso programa anti-imigração busca manter solicitantes de refúgio no país do outro lado do mar Adriático enquanto os processos são analisados.
Durante o governo do conservador Rishi Sunak, no Reino Unido, o governo britânico aprovou no Parlamento projeto que fazia o mesmo com solicitantes de refúgio, mas enviando-os para a distante Ruanda, na África.
Ao assumir o posto, o atual premiê, o trabalhista Keir Starmer, acabou com o programa.