A França confirmou neste domingo (16) que, no dia seguinte, irá sediar uma cúpula de líderes europeus para discutir a Guerra na Ucrânia e a segurança europeia, enquanto o continente tenta responder concretamente à abordagem unilateral do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação ao conflito.
O presidente francês, Emmanuel Macron, receberá “os principais países europeus” para falar sobre “a segurança europeia”, disse o chefe da diplomacia francesa, Jean-Noël Barrot, na rádio France Inter.
O ministro não especificou quem participará desta “reunião de trabalho”, mas segundo uma pessoa familiarizada com a diplomacia europeia, estarão presentes Alemanha, Polônia, Itália, Dinamarca e Reino Unido, que já não faz parte da União Europeia.
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, também participarão do encontro, organizado com extrema urgência, de acordo com a mesma fonte.
O premiê alemão, Olaf Scholz, deverá estar na cúpula, disseram fontes do governo alemão, assim como Donald Tusk, de acordo com um membro da câmara alta do Parlamento da Polônia.
Eles disseram que a reunião tem como objetivo ver que ajuda imediata pode ser dada à Ucrânia, qual papel concreto a Europa pode desempenhar ao fornecer garantias de segurança para Kiev, bem como como fortalecer a segurança coletiva da região.
Dezenas de cúpulas semelhantes mostraram que a Europa está hesitante, às vezes desunida e politicamente fraca, lutando para elaborar um plano coeso para encerrar a guerra na Ucrânia e lidar com a Rússia, três anos após a invasão de Moscou ao seu vizinho.
A reunião acontecerá em um momento particularmente delicado para as relações transatlânticas.
Trump surpreendeu os europeus na quarta (12) ao afirmar que havia conversado com o presidente russo, Vladimir Putin, para iniciar conversações sobre a Ucrânia.
O anúncio do presidente dos EUA fez com que os líderes europeus temessem que fossem excluídos das negociações para acabar com a guerra na Ucrânia, invadida pela Rússia em fevereiro de 2022.
O assunto foi um dos principais temas da Conferência de Segurança de Munique, que começou na sexta (14) e termina neste domingo na cidade alemã.
Na cúpula, o enviado especial de Trump para a Ucrânia, Keith Kellog, afirmou em resposta a uma pergunta sobre a participação europeia nas negociações: “Eu pertenço à escola realista, não acredito que isso vá acontecer”.
No mesmo evento, o vice-presidente dos EUA, J. D. Vance, expressou solidariedade pelo atentado em Munique na quinta, mas não mencionou o apoio à Ucrânia na guerra contra a Rússia, focando em acenos à extrema direita e críticas às políticas de regulação das redes sociais. O público, composto por líderes europeus, esperava sinais de apoio americano aos ucranianos.
O chefe da diplomacia francesa destacou que “apenas os ucranianos podem decidir parar de lutar, e nós os apoiaremos enquanto não tiverem tomado essa decisão”.
Os ucranianos “não vão parar até terem certeza de que a paz que lhes é oferecida será duradoura” e até que tenham garantias de segurança, disse Barrot.