Conheça grupo de amigos que transformou área isolada em importante reserva ecológica de Goiás
História da criação e manutenção do espaço se tornou tema de filme


Um grupo de 14 amigos com uma só missão: resgatar e transformar a Reserva Ecológica Porto das Antas, uma área de 171 hectares, que abriga uma importante área ambiental localizada no município de Serranópolis, no Sudoeste de Goiás.
Essa é a história da Sociedade Ecológica Porto das Antas, um grupo de amigos de longa data que, juntos, viram a possibilidade de contribuir para a preservação de um pequeno, mas muito importante, pedaço do Cerrado.

Local foi escolhido à dedo pela sociedade. (Foto: Divulgação/Sociedade Ecológica Porto das Antas)
A sociedade foi formada no ano de 2000 pelo historiador e professor jataiense Marquinho Carvalho, que se reuniu com o biólogo e produtor cultural Levy Silvério da Silva Júnior, a psicóloga e professora Vera Lúcia de Paula Tavares, a cantora e compositora Antônia Rangel e o professor Glondes Naves.
Além deles, o antropólogo e professor Manoel Napoleão também viu uma oportunidade de resgatar a área, unindo-se à auditora federal Silvinha de Brito, de Florianópolis, ao microempresário Helvécio de Paula Reis Sá, ao radialista Cláudio Silva e ao bancário e advogado de Rio Verde, Tadeu Alencar Osório Martins.
O grupo ficou completo com a entrada do jornalista Sérgio Prado e do professor linguista Eurípedes Alves Barbosa, ambos de Brasília, e Marcilene Dorneles da Cruz, da área de cultura em Goiânia.
Juntos, eles se tornaram sócios-fundadores, registrando a área em cartório como uma sociedade civil sem fins lucrativos, se responsabilizando pela manutenção e pelo esforço para transformar a propriedade em Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), a reconhecendo como área de relevante importância ambiental e paisagística.
Processo
Todo o processo, embora trabalhoso, foi cuidadosamente planejado, começando com a escolha da localidade às margens do Rio Verdinho.
A decisão final se deu após uma longa busca na região dos municípios de Jataí e Serranópolis, onde encontraram, em um pequeno trecho, uma rica diversidade de ecossistemas: Cerrado limpo, Cerrado grosso, mata, mata de galeria e mangue.
Apesar da boa intenção, os desafios não demoraram a surgir, com obstáculos logo no início do projeto, como problemas cotidianos, como o acesso à área, onde qualquer carro popular que passava se atolava e precisava ser tracionado. A situação só piorava durante as chuvas, quando as lagoas se enchiam e o rio cortava a reserva, dificultando o acesso.

Reserva está localizada em Serranópolis. (Foto: Divulgação/Sociedade Ecológica Porto das Antas)
Outro problema enfrentado pela sociedade foi a relação com fazendeiros que criavam gado, uma situação melindrosa, mas que logo foi resolvida com diálogo.
Queimadas fora de época foram outra questão, exigindo a intervenção do Ibama, do Corpo de Bombeiros e até de moradores da zona rural de Serranópolis.
Havia a presença da caça predatória de animais silvestres que habitam o local, incluindo espécies ameaçadas como o tatu-canastra, a onça-pintada, a anta, a sucuri e o tamanduá-bandeira.
Tais desafios exigiram esforços coletivos dos integrantes que precisaram se desdobrar financeiramente e em termos logísticos, realizando reuniões, viagens e até aspectos estruturais, como a compra de veículos, a construção de uma sede, a negociação com a população local e os corretores.

Área é conhecida pelas várias espécies ameaçadas. (Foto: Divulgação/Sociedade Ecológica Porto das Antas)
Apesar dos vários percalços, a manutenção da Reserva Ecológica Porto das Antas teve um resultado – ainda contínuo – digno: se tornando uma das áreas de preservação mais importantes de Goiás.
Documentário
Tamanha história daria o roteiro de um filme, o que, não à toa, se transformou no documentário de média-metragem Porto das Antas, que narra a jornada do grupo de amigos em busca de transformar a terra ameaçada em reserva ecológica.
A obra resgata a criação e a resistência para a manutenção da reserva, que, há mais de 25 anos, busca mostrar a força do Cerrado e a dedicação dos guardiões, em meio a paisagens exuberantes e espécies ameaçadas que preenchem as cenas.

Grupo precisou se desdobrar para manter a reserva. (Foto: Divulgação/Sociedade Ecológica Porto das Antas)
O projeto, que propõe uma reflexão profunda sobre a fragilidade e a potência do bioma, foi realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo, do Governo Federal.
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