O lado bom e ruim de esperar

Carlos Henrique Carlos Henrique -
6 invenções que mudaram o mundo e você não consegue se imaginar sem
Os primeiros relógios eram de bolso. (Foto: Reprodução)

Esperar nunca é fácil. Mesmo para os mais conscientes dos seres humanos.

Esperar dói. E é uma dor que vem com o intuito de destruir a esperança no que se espera.

Esperamos tanto e o fruto das nossas idealizações não nasce.

A sensação é de estar em um deserto escaldante, sem água, sem companhia, totalmente nu, sufocado pela ansiedade, e logo à frente uma tempestade de areia armada em sua direção.

Os pensamentos negativos inundam a mente que fica inquieta e melindrosa, a depressão quer ditar a regra, o choro da alma não cessa a impaciência sorrateiramente toma conta e os passos já são lentos e inconstantes.

Muitos passam a vida inteira arrancando a casca da ferida, observando-a sangrar por várias e várias vezes, sentindo-se vitimizado pelo tempo se comportando como um coitado, que levou coito da vida e agora vive como desavisado que acabou como presa fácil da incredulidade. Não soube esperar, mesmo sabendo que há tempo pra tudo debaixo do céu.

O esperar é didático. Ele nos ensina a não murmurar, não reclamar, mas trazer à memória aquilo que nos dá esperança mesmo diante das intempéries da vida onde nada conspira a favor.

Esperar o tempo, investindo tempo em si mesmo – crescendo, amadurecendo, burilando conceitos e princípios, sujeitando – se à fornalha enquanto se espera. Esperar nos ensina antes a ter responsabilidade de plantar com temor. Ninguém quer arar a terra, adubá-la e lançar semente qualquer, e, após isso, esperar longo tempo para acabar colhendo o que não desejava.

O tempo é professor. E se com coração humilde assimilarmos seus ensinamentos, amadureceremos para desfrutar daquilo que esperamos.

A espera coloca à prova nossas intenções, motivações, desejos mais secretos do coração, nossa humildade, dependência, constância, fé, temperança e bom ânimo.

Numa sociedade imediatista onde se ensina que esperar é perda de tempo, que atropelar e exceder limites são para os corajosos – quem se aventura nisso experimenta epilepsia emocional todos os dias, de fato ninguém controla o incontrolável – o tempo.

Então, tomando fôlego, entendemos que a espera nunca é a paralisação total das circunstâncias, mas a gestação daquilo que julgamos estar sem vida e sem esperança. O coração já fortalecido passa a compreender que o que Deus prepara aos que O amam excede toda e qualquer expectativa humana.

Depois da espera, quando a alma cansada de ser golpeada, acreditando não ter mais satisfação, perceberá que a demora compensou. Durante esse tempo de espera contra a esperança, o chão do coração guardou no seu íntimo a voz que não se calou e que não se entregou à desistência. Essa voz ecoou, e fez com que o tempo engravidasse da semente. Lá, onde se espera sentado já sem forças pra reagir, ao cheiro das águas se percebe diante dos olhos naturais, algo que ainda não tinha visto – a semente perfilhar!

Deniza Zucchetti é professora por vocação, quase Relações Internacionais, escritora por amor nas horas vagas e mãe de dois lindos filhos em período integral. Escreve todos os sábados.

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