Marconi se esquiva da mesmice e faz bom proveito da crise nacional

Da Redação Da Redação -

Marconi Perillo é, definitivamente, um político que saiu das sombras. Mesmo quando era um destaque no Estado de Goiás com seus mandatos de governador e de senador, o atual governador de Goiás ainda sofria algumas limitações impostas pela própria política e seu sistema de valorização regional mediante densidade eleitoral. Goiás, sem expressão ou pelo eleitoral quantitativo, nunca conseguiu protagonizar e lançar nomes marcantes para a história brasileira.
Esta condição, aliada à própria característica de Perillo em ser um soldado e ser ainda reconhecido e condecorado de sua legenda, o PSDB, correspondia bem ao jogo partidário e igualmente se impunha limitações: se era um líder absoluto em Goiás, fora dele, pouco ou nada se tinha notícia. O PSDB tido como uma legenda centralizadora e paulistanizada sequer conseguia olhar para outros Estados-chave, o que dizer de Goiás.

Mas Marconi Perillo sentiu que o seu momento pode ter chegado e deixou as sombras e o papel coadjuvante no cenário político brasileiro. Quer assumir outras missões e voar novos voos até mesmo independente da vontade ou da autorização dos tucanos de penagem mais aprumada dentro do PSDB. Desde sua quarta eleição para o Governo, o tucano tem assumido uma nova posição na pauta política e não mais se alinhado sem questionamentos aos mandatários do PSDB. Com luz e voz própria, pelo menos dentro de Goiás, Perillo tem se destoado.

Um dos momentos mais marcantes é quanto à postura perante o Governo Dilma. Nas cordas, a presidente dificilmente encontra até mesmo quem a defenda dentro do PT ou dos partidos aliados. Na oposição, é quase consenso o discurso golpista que pede a retirada da presidente na marra, quase que na força ou, até mesmo chega-se a este ponto, sob a ameaça de bala e golpes de baioneta dos militares.

No entanto, Perillo, em Goiás, age de forma respeitosa e republicana, preservando, acima de tudo, as instituições. O governador tem sido um parceiro político-administrativo de Dilma e ainda tem adotado uma posição de defensor de sua gestão ao reconhecer que o Governo Federal tem sido decisivo no sucesso e nos avanços administrativos do Estado. Perillo acaba por cumprir um papel que nem mesmo o PT e suas lideranças regionais estão fazendo ou estão em condições de fazer: realizar um discurso de exaltação a Dilma em Goiás.

Os exemplos são diversos, mas o mais recente deles aconteceu – não por acaso – no evento mais marcante do Governo de Marconi Perillo até aqui, a inauguração do Hospital de Urgências Otávio Lage – o Hugol. Tido como uma obra de impacto regional e com reconhecimento para além das cercanias goianas, o hospital de grande porte tem a participação do Ministério da Saúde na sua parte mais onerosa: a manutenção do seu funcionamento. A um custo altíssimo, seria praticamente impossível ao Estado mantê-lo funcionando de forma independente.

Perillo foi a Brasília e obteve uma parceria como o Ministério da Saúde. A parte administrativa foi realizada com sucesso e bastaria esta menção para tocar o barco e fazer o hospital funcionar. Mas politicamente, Marconi Perillo fez questão de dividir o protagonismo da inauguração com o Governo Federal ao trazer como convidado de honra o Ministro da Saúde e citar nominalmente a presidente Dilma como parceria fundamental para a realização deste hospital na sua lide diária.

Os objetivos de Marconi são claros: aumentar a participação do Governo Federal em Goiás e, principalmente, criar uma base política que o permita incomodar os decanos do PSDB. Mais ainda: obter de Dilma, quem sabe, apoio para o ingresso em outro partido que lhe dê a condição de disputar um mandato presidencial – seu principal objetivo. Com a conquista da liderança política dos governadores do Centro Oeste, como já falamos anteriormente aqui neste espaço, o governador tucano vai se descolando das sombras e dos papeis de segundo escalão para tentar, ele mesmo, se tornar uma estrela.

Pode não dar certo, mas uma afirmação já se pode atestar: errado em sua estratégia Marconi não está.

Ernani de Paula é empresário e ex-prefeito de Anápolis.

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