Até 2016, Prefeitura de Anápolis comprava mais remédio que o necessário
Armazenamento inadequado e distribuição desordenada deixavam frequentemente unidades de saúde desabastecidas
Vistoria realizada na manhã desta terça-feira (24) na Central de Medicamentos da Prefeitura de Anápolis confirmou as denúncias feitas pela imprensa radiofônica da cidade. Mal ventilado, com infiltrações e mofo, o galpão onde é armazenado milhares de medicamentos tem vários itens vencidos como seringas, anticoncepcionais, luvas e até e kits de sorologia para teste de Aids.
Além do próprio prefeito Roberto Naves (PTB), estiveram no local a secretária Municipal de Saúde, Luzia Cordeiro, a vice-presidente da Câmara Municipal, Thaís Souza (PSL), e os vereadores Elinner Rosa (PMDB) e Jackson Charles (PSB).
Segundo o gerente de Vigilância Epidemiológica e responsável pela Central de Medicamentos da Prefeitura, José Fonseca, até 2016 comprava-se mais medicamentos do que o necessário e, somado a problemas de organização e distribuição, os remédios e insumos hospitalares se acumulavam e venciam dentro da própria Central de Medicamentos, fazendo falta nas unidades de saúde da cidade.
Ainda segundo José Fonseca, vários almoxarifados modelos de cidades como Aparecida de Goiânia e Trindade foram visitados pela Secretaria Municipal de Saúde para ajudar na montagem de algo parecido em Anápolis, mas equacionar todas as atuais dificuldades demandará tempo. “Não tem como resolver um problema desse do dia para a noite”, confessou.
O levantamento dos remédios e insumos vencidos está em andamento e o custo para incinerar todo esse material sairá em média de R$ 5 por quilo para a Prefeitura.
‘Faltou gestão’
Tanto o prefeito Roberto Naves, quanto a secretária de Saúde, Luzia Cordeiro, apontaram o problema como resultado da falta de gestão no município que ambos receberam para governar desde o início do mês. Segundo eles, o Ministério da Saúde aprovou e já disponibilizou o acesso a um software gratuito para informatizar e otimizar a logística de recebimento, armazenamento e distribuição de medicamentos em Anápolis.
“O prefeito solicitou ao Ministério da Saúde um software livre, gratuito. Em três dias o Ministério já nos concedeu. Se chama Horus. Ele controla desde a ponta até o abastecimento e já estamos aqui com a equipe fazendo o levantamento e mapeamento, que é feito por lote, por vencimento, por unidade básica, por urgência e emergência. Eu acredito que em 90 dias nós já teremos inserido tudo o que temos [de estoque] no Horus”, explicou.
Outro software gratuito do Ministério da Saúde que a Prefeitura solicitou autorização para utilizar é o eSUS AB, um sistema de prontuário eletrônico que, segundo o Portal da Saúde do SUS, permite “reduzir a carga de trabalho na coleta, inserção, gestão e uso da informação na Atenção Básica”.
Conforme contou Roberto Naves, o prazo de implantação eSUS AB venceu em dezembro do ano passado. Sobre as condições da Central de Medicamento, o prefeito concordou que elas são inadequadas e garantiu que a Prefeitura trabalhará para mudar a situação. Até o momento, segundo ele, já foi instalado um sistema de refrigeração de vacinas, que não existia. Sobre os medicamentos, a ordem é organizar tudo o quanto antes para que eles não faltem nas unidades de saúde.
“No momento o nosso foco é fazer um planejamento e o controle para diminuir a falta de medicamentos junto à população e evitar que os medicamentos que estão na iminência de estar vencendo possam receber a destinação devida”