Faculdades de Anápolis promovem demissão em massa de professores
Boa parte dos docentes devem ser substituídos por recém-formados, sem nenhuma ou pouca experiência
Mais uma mensagem aparece no WhastApp. É o coordenador de curso de uma faculdade particular de Anápolis informando, sem nenhuma cerimônia, a demissão de mais uma docente.
‘Ordem de cima. Enxugamento de gastos por causa da crise. Procure o departamento de RH’, escreveu sem mais explicações.
Assim foi encerrada uma trajetória de mais de uma década dedicada à instituição. Sem olhar nos olhos, sem apertar a mão, sem desejar sequer um ‘boa sorte’.
A forma pragmática e pouco usual de se desligar um funcionário foi recebida com estranheza e incredulidade pela presidente do Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Privados de Ensino de Anápolis e Região (SINPROR), Nádia Maria Faria Vaz.
“Se algum professor foi dispensado dessa forma eu desconheço. Está errado. Estamos acompanhando todas as rescisões e oferecemos assistência jurídica para todos os sindicalizados”, lembra.
Conforme o SINPROR, cerca de 160 professores universitários foram dispensados pela UniEvangélica, Raízes, Anhanguera, Fama, Católica e Fibra desde o início do segundo semestre. As justificativas apresentadas pela direção das faculdades ao Sindicato foram a crise econômica e a redução do número de bolsas e financiamentos estudantis por parte do Governo Federal.
A Associação Educativa Evangélica, mantenedora da UniEvangélica, Raízes e demais unidades regionais, demitiu entre 50 e 60 professores. A lista é seguida por Anhanguera (40), Fama (entre 20 e 30), Católica (07) e Fibra (05).
Boa parte dos docentes devem ser substituídos por recém-formados, sem nenhuma ou pouca experiência.
Procuradas, apenas as faculdades Anhanguera e Católica quiseram se manifestar. A Associação Educativa Evangélica não retornou contato. A Fama preferiu o silêncio. A reportagem do Portal 6 não conseguiu falar com nenhum responsável pela Fibra.
Com a palavra a Faculdade Anhanguera
A Anhanguera de Anápolis esclarece que eventuais ajustes no corpo docente fazem parte de um movimento natural das instituições de ensino a cada encerramento de semestre. Em função do planejamento de carga horária deste ciclo, o quadro de professores teve algumas mudanças, porém sem nenhuma alteração ou impacto no início do período letivo.
Com a palavra a Faculdade Católica
Devido a crise econômica que o país se encontra atingiu diretamente as instituições de ensino. Com essa situação tem aumentado a inadimplência e a evasão dos acadêmicos.
A Faculdade Católica prima pela qualidade do ensino, tem buscado selecionar professores titulados a ocupar as vagas disponíveis.
A relação com os professores é de respeito e muita transparência. No entanto, neste semestre tivemos que dispensar sete professores que não teriam mais aulas na instituição, devido a não abertura de turmas novas de um determinado curso na instituição.
Não havendo mais disciplinas disponíveis, depois de dois anos de tentativa para abrir novas turmas, tivemos que finalizar o curso, ocasionado as demissões. Os professores não serão substituídos. Não comprometeu o início das aulas.