‘Soube pela internet. Foi um choque’, revela irmão de anapolina morta no Rio

"[Última vez que a vi] , ela estava bem vestida, andava de táxi, parecia madame", relembra William

Rafaella Soares Rafaella Soares -

A notícia da morte da anapolina Fernanda Rodrigues dos Santos, de 40 anos, não só chocou os moradores do bairro em que ela vivia no Rio de Janeiro, como também trouxe um momento de grande dor para o irmão dela, que foi encontrado residindo em Goiânia.

William Rodrigues dos Santos, de 44 anos, só ficou sabendo da morte da irmã na última sexta-feira (17) após ler na internet que a polícia havia encontrado os suspeitos de cometerem o crime. Relembre.

Em entrevista ao G1, ele contou que na infância a família vivia em péssimas condições financeiras e, devido a isso, foi levado para um orfanato em Aparecida de Goiânia, podendo conviver com Fernanda apenas por seis anos.

Mesmo distantes, a mãe e as duas irmãs o visitavam a cada seis meses. William permaneceu no orfanato até os 14 anos e, quando voltou para casa, Fernanda tinha ido embora. A causa da partida repentina foi o problema da mãe com alcoolismo.

“Era uma situação difícil. A gente passava dificuldade, faltava até comida. Aí, depois de idas e vindas entre Goiânia e Anápolis, ela foi para o Rio. Tinha sonho de ir trabalhar na cidade grande e ‘vencer na vida'”, contou.

Mesmo passando por várias dificuldades, o irmão ainda se recorda de momentos felizes que viveu ao lado da família.

“Minha mãe levava a gente para passear na avenida principal e tinha uma lanchonete. A Fernanda gostava muito de um sanduíche com maionese e ervilha e também de beber refrigerante de laranja”, relembrou.

Fernanda com seis anos de idade, em visita ao irmão no orfanato. (Foto: Arquivo Pessoal/ William Rodrigues)

Depois que foi embora, William recebeu poucas notícias da irmã. Algumas vezes ela chegou a mandar cartões e presentes para a mãe e, em 2005, chegou até a fazer uma visita.

“Ela ficou um mês. Estava bem vestida, andava de táxi, parecia madame. Veio com dinheiro. Disse que estava bem, com um ‘gringo'”, relatou.

Porém, o contato foi ficando mais difícil e a última notícia que chegou até William foi sobre a morte da irmã. Ele afirmou que não sabia que ela tinha virado uma moradora de rua e que o reconhecimento foi difícil porque ela estava muito diferente nas fotos divulgadas.

“Se soubesse da situação dela, teria ido buscá-la. Ela estava muito diferente. Eu vi a foto, parei uns dez segundos e notei muita semelhança com minha mãe. Aí percebi, ao ler o nome, que era ela. Foi um choque”, lembra.

Na próxima semana, ele deverá viajar até o Rio de Janeiro para visitar o túmulo e também para conversar com o delegado sobre o andamento das investigações.

“Quero ir ao cemitério, sentir um pouco do clima onde ela ficou, conversar com as pessoas. Também vou à delegacia conversar com o delegado e cobrar que eles [suspeitos] fiquem presos. Fazer mal a uma pessoa tão frágil é uma covardia”, disse.

Família

Depois da morte de Fernanda, as autoridades do Rio começaram a buscar os familiares em busca de respostas sobre a vida que ela levou.

William, porém, é o único integrante vivi da família. É que a outra irmã deles também foi assassinada em 1987. Já a mãe morreu há cerca de um ano e meio, vítima de infecção renal.

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