Paralisação da Uber em Anápolis virou um verdadeiro ‘Casos de Família’

Churrasco, aplicativo desligado, intrigas e perseguições com quem não quis aderir: o outro lado da greve

Da Redação Da Redação -
Carro a serviço da Uber em trânsito com passageiro. (Foto: Divulgação)

O que era para ser uma greve terminou em mais divisão entre os motoristas particulares que atuam em Anápolis. Conforme adiantado pelo Portal 6, estava programado para esta quarta-feira (08) uma paralisação mundial no serviço de transportes da Uber.

Desde a madrugada, condutores discutiam em grupos criados no WhatsApp como seria o movimento na cidade para chamar a atenção da empresa, que pretende abrir seu capital na Bolsa de Valores de Nova York nesta sexta-feira (10).

“A ideia era que nós de Anápolis cruzássemos os braços e depois nos reuníssemos em uma grande ação no Centro da cidade”, explicou um condutor que está há mais de dois anos dirigindo para a Uber e outros aplicativos, como 99 Pop.

Ele revela, no entanto, que nem todos os motoristas concordaram com essa proposta. Em Anápolis, há duas agremiações que disputam a representação da classe junto a população e as autoridades. Uma, juntamente com seus associados, foi radical e decidiu desligar o aplicativo. Já a outra, aproveitou a paralisação e organizou um churrasco em um antigo posto de gasolina do bairro Jundiaí.

Se em ambas as ações o clima foi pacífico, sem o registro de nenhum tipo de incidente, pelos diversos grupos de WhatsApp a temperatura esquentou. Além de indiretas e provocações entre os grevistas, houve perseguições e até ameaças com quem se recusava a aderir aos movimentos.

“Estava acontecendo de os próprios motoristas se passarem por passageiros e fazerem chamadas no aplicativo. Quando o carro chegava, eles avisavam que não iam em lugar nenhum e que era para esse motoristas que chegou parar também”, revelou o mesmo condutor. Por segurança, ele pediu para não ser identificado.

Paulo Eduardo, de 23 anos, é usuário assíduo da Uber em Anápolis e contou ao Portal 6 que até temeu ter dificuldades para se deslocar pelo serviço nesta quarta-feira (08), mas que “foi tudo tranquilo”. Estudante de Administração, ele pensou que pegaria tarifa dinâmica no caminho até a faculdade, que fica na Cidade Universitária.

“Eu acho que eles tem que lutar por melhorias mesmo, né. Torço para que a Uber atenda eles, mas sem que o preço para gente que anda aumente”, opinou. O carro em que Paulo Eduardo estava como passageiro foi fotografado por outros motoristas e o registro circulou nos grupos dos grevistas. O condutor que transportou o jovem se defende das críticas feitas pelos colegas.

(Reprodução/WhatsApp)

“Não tenho patrão, meu patrão sou eu. Cada um tem o direito de fazer o que quiser e eu escolhi continuar dirigindo normalmente”, afirmou. Ele ponderou que esteve presente em todos os outros movimentos e apontou que falta organização e unidade. “Só assim vamos conseguir alguma coisa”, finalizou.

A Uber no Brasil optou por não se pronunciar sobre as paralisações. Para veículos de comunicação de outros países, como os Estados Unidos, a companhia disse que trabalha para melhorar a experiência dos motoristas no serviço.

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