“O que está errado, e eu acho revoltante, é a nossa Legislação”, diz Vanderic sobre soltura de Ascânio

Delegado conta que já recebeu mais de 20 vídeos que flagraram o acidente e morte do estudante atropelado

Rafaella Soares Rafaella Soares -
Manoel Vanderic é delegado em Anápolis. (Foto: Rafaella Soares)

A Delegacia de Trânsito de Anápolis ainda tem um longo percurso até concluir o inquérito sobre o atropelamento que provocou a morte de Dielinton Haryell Silva Roque, de 16 anos, na última sexta-feira (18).

Em conversa com a reportagem do Portal 6, o delegado responsável pela investigação, Manoel Vanderic, contou que recebeu mais de 20 vídeos que mostram o momento em que tudo aconteceu.

“Agora, nós vamos periciar o carro, ouvir testemunhas e periciar os vídeos. A família [da vítima] conseguiu várias imagens no dia e a polícia encontrou outras tantos. Todas serão analisadas”, explicou.

Questionado sobre a decisão da Justiça de soltar o motorista Ascânio Dias da Cunha, de 79 anos, que alegou para si a autoria do atropelamento, o delegado sustenta que entende o motivo da revolta da família do adolescente.

“A Legislação é muito objetiva e contundente sobre o que é homicídio culposo e doloso. Essa ventilação sobre o dolo nos crime de trânsito decorre na jurisprudência, exclusivamente da embriaguez. Manobras arriscadas e proibidas levam para o homicídio culposo sempre”, explicou.

De acordo com Vanderic, o crime culposo é definido pela imprudência, negligência e imperícia. Por isso, a Lei obriga que o idoso fique em liberdade, já que a prisão preventiva é proibida nesta tipificação.

“[Recentemente] um motorista foi preso por tentativa de homicídio doloso aqui em Anápolis porque perseguiu a pessoa, acelerou e atropelou. Não foi o caso desse. Ele fez uma manobra proibida e atropelou. Se ele tivesse visto e acelerado, ai seria doloso. Mas ele fez manobra proibida, estava em alta velocidade e não viu o menino”, explicou.

“O papel do delegado é colher as provas. Mesmo que eu colocasse doloso aqui, a decisão do Judiciário não é atrelada. Eu entendo a revolta das pessoas e compactuo dela. Acho um absurdo. Só que a postura da juíza está correta. O que está errado, e eu acho revoltante, é a nossa Legislação”, acrescentou.

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