Em menos de uma semana, denúncias resultam em demissão e prisão contra dois médicos de Goiás

OAB Mulher lembra que a Justiça alcança a todos e orienta formas de ajudar investigação contra aqueles que extrapolam os limites da profissão

Rafaella Soares Rafaella Soares -
Nicodemos Junior Estanislau Morais, à esquerda, e Ricardo Paes Sandre, à direita. (Foto: Montagem)

Nos últimos dias, dois casos graves envolvendo médicos e crimes sexuais tiveram grande repercussão em Goiás e, inclusive, ganharam evidência a nível nacional.

O mais recente é o do ginecologista e obstetra Nicodemos Junior Estanislau Morais, de 41 anos, que foi preso preventivamente no consultório em Anápolis suspeito de usar a profissão para cometer crimes sexuais contra pacientes de várias cidades e até outros estados.

Depois que foi levado pela Polícia Civil, um total de 27 mulheres já buscaram a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM) de Anápolis para denunciar terem sido vítimas dele. Uma delas tinha apenas 12 anos quando o crime aconteceu.

O outro é o do médico do trabalho Ricardo Paes Sandre, que era servidor do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) e foi apontado por 10 mulheres como sendo autor de práticas abusivas, como constrangimento, humilhação e importunação sexual no ambiente de trabalho.

Após denúncia do Ministério Público, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu na última terça-feira (28) que o profissional de saúde seria demitido da função.

Casos como esses, segundo a presidente da OAB Mulher em Anápolis, Tatiane Ferreira, mostram que independente da posição e profissão, as vítimas não devem temer e denunciar, porque a Justiça é para todos.

“Às vezes sentimos a sensação de injustiça, mas a Justiça existe e alcança a todos. Ela alcançou esse médico, alcançou o servidor público e vai alcançar quem mais pensar que mulher é um objeto e não um ser de igualdade” afirmou.

Mas, o que fazer quando se é vítima de crimes como esses?

De acordo com Tatiane, crimes como assédio sexual ou outros contra a dignidade sexual, são mais difíceis para produzir provas, porque, diferente de casos violentos, muitos não deixam vestígios claros. Mesmo assim, isso não deve impedir a vítima de buscar a polícia para pedir ajuda

“É necessário buscar abrir um boletim de ocorrência e representar contra o agressor, para que medidas criminais sejam tomadas”, afirmou.

“Ao procurar a delegacia, leve o máximo de elementos possíveis, como dia, horário, local, como a pessoa estava vestida, se conseguiu ver o rosto, com que carro estava, se estava sozinho ou acompanhado. Toda e qualquer informação é crucial para se localizar o agressor e logo puni-lo”, detalhou.

Também é importante, conforme a presidente da OAB, receber apoio psicológico e familiar e procurar a reparação cível, através de advogados de confiança que tenham conhecimento dos direitos das mulheres.

“Nós precisamos nos proteger e essa proteção vem através do conhecimento dos nossos direitos. Se você foi vítima, procure a delegacia, denuncie e não deixe de buscar a reparação cível. Toda vítima tem direito a ser indenizada pelos danos morais e materiais decorrentes da conduta do agressor”, explicou.

Onde denunciar

Em Anápolis, mulheres vítimas de crimes de qualquer natureza, inclusive sexuais, devem procurar a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM), que fica ao lado da Central de Flagrantes, na Rua Dez de Março. Lá, as ligações são recebidas pelo (62) 3328-2731.

Em Goiânia, a DEAM funciona 24 horas e está localizada na Rua 24, nº 203, no Setor Central, e atende pelo número  (62) 3201-2801.

Já em outros municípios, vítimas também podem procurar a especializada. Caso não exista uma, o ideal é buscar ajuda da delegacia mais próxima.

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