Júri condena quatro réus por homicídio em incêndio da Kiss

Incêndio ocorreu em 27 de janeiro de 2013 e deixou 242 mortos e mais de 600 feridos

Folhapress Folhapress -
Oito anos depois responsáveis pelo incêndio foram julgados (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress)

O tribunal do júri condenou os quatro réus julgados por homicídio e tentativa de homicídio pelas mortes causadas pelo incêndio na boate Kiss.

O incêndio ocorrido em Santa Maria (RS) na madrugada de 27 de janeiro de 2013 deixou 242 mortos e mais de 600 feridos. A maioria das vítimas morreram por asfixia devido a gases tóxicos liberados pela queima da espuma que havia no palco, segundo perícias.

O julgamento, que começou no último dia 1º, é o mais longo da história do Judiciário gaúcho. O caso foi desaforado de Santa Maria para Porto Alegre, depois que defesas questionaram formação de júri imparcial na cidade onde boa parte da população foi afetada pelo fato.

Os quatro réus são os então sócios da boate Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann e os integrantes da banda Gurizada Fandangueira -que tocava no local na noite do incêndio- Marcelo de Jesus dos Santos (vocalista) e Luciano Bonilha Leão (assistente de palco).

Eles foram acusados por homicídio e tentativa de homicídio simples por dolo eventual pelas mortes ocorridas na tragédia.

Spohr, sócio-proprietário da boate, apontado como a pessoa responsável pelas decisões na boate e que era conhecido como “Kiko da Kiss” na cidade, disse durante interrogatório no júri que foi dele a decisão de colocar a espuma.

Spohr alegou estar seguindo a indicação de um engenheiro, apesar de que o projeto encaminhado ao Ministério Público, no TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) que tratava dos problemas de vazamento de som da boate, não citar o material.

O engenheiro autor do projeto, Miguel Ângelo Pedroso, disse ao júri que não indicou a espuma porque ela não serve para isolamento acústico, apenas conforto.

Hoffmann entrou na sociedade quando o TAC ainda estava em discussão e diz ter suspendido o negócio por uns meses até ver o problema solucionado. Era o único dos réus que não estava na boate no momento do incêndio.

A defesa de Hoffmann questionou a pessoas que falaram ao júri sobre a presença dele na boate ou se sabiam que ele era um dos donos, antes da tragédia. A maioria disse nunca tê-lo visto no local, enquanto outros relataram sua presença nas obras da reforma para o TAC e na tarde que antecedeu a tragédia.

Hoffmann disse durante o interrogatório que não sabia que havia espuma no local e não sabia que a banda Gurizada Fandangueira se apresentaria na Kiss, já que agenda era com Spohr – depoimentos afirmaram que o grupo usou pirotecnia em outra boate dele dias antes, a Absinto.

Marcelo de Jesus dos Santos, vocalista da banda, era quem tinha o artefato pirotécnico nas mãos e que pode tê-lo aproximado da espuma começando o incêndio. Ele negou no interrogatório que estivesse pulando com o artefato, mas testemunhas relataram que ele levantava os braços quando cantava “alto, em cima”, trecho de uma música do cantor Naldo.

Luciano Bonilha Leão, assistente de palco da banda, que confirmou ter sido o responsável por comprar o artefato pirotécnico, por colocá-lo na luva/munhequeira que Marcelo usava e por acioná-lo durante a apresentação.

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