BC corta pela metade projeção para PIB de 2022 e agora espera alta de 1%

No documento anterior, de setembro, a previsão era de elevação de 2,1%

Folhapress Folhapress -
Sede do Banco Central do Brasil. (Foto: Divulgação)

Larissa Garcia, do DF – O Banco Central revisou para baixo sua projeção para o PIB (Produto Interno Bruto) de 2022 nesta quinta-feira (16). De acordo com o relatório trimestral de inflação, a autoridade monetária espera que a atividade cresça 1% no período.

No documento anterior, de setembro, a previsão era de elevação de 2,1%.

A estimativa do BC está acima das projeções do mercado. Nos últimos meses economistas têm reduzido as expectativas para o desempenho da economia no próximo ano.

Com a deterioração do cenário econômico e aumento do risco fiscal, instituições financeiras e casas de análise esperam alta de 0,5% no PIB de 2022, segundo o relatório Focus desta semana. Há um mês a expectativa era de 0,93%.
O BC justificou que surpresas negativas em dados recentes sugerem desaceleração da atividade no próximo ano. Além disso, a autarquia atribuiu à piora da projeção o aumento da inflação e o do risco fiscal.

Para este ano, o BC espera crescimento de 4,4%, abaixo dos 4,7% projetados no documento de setembro.

“Corroborando a evolução menos favorável da atividade, os indicadores de confiança de empresários e consumidores, particularmente relevantes para entender a atividade ao longo do trimestre corrente, recuaram nos últimos meses. Dessa forma, o resultado abaixo do esperado no terceiro trimestre e a piora nos prognósticos para o quarto reduzem a projeção de crescimento para 2021 e o carregamento estatístico para 2022”, afirmou o BC.

Para a inflação, Banco Central o manteve a probabilidade de 100% de estouro do teto da meta definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) de 3,75% para 2021, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo. Dessa forma, o indicador não poderia ultrapassar 5,25%.

A projeção do BC no cenário central é de 10,2%, quase o dobro do máximo permitido.

Para a autarquia, a inflação acumulada em 12 meses deve recuar para 9,9% em fevereiro. O BC espera alta de 1,18% em novembro e de 0,65% em dezembro. Para janeiro e fevereiro, a projeção é de crescimento de 0,15% e 0,66%, respectivamente.

“O recuo projetado da inflação para o próximo trimestre se justifica pela queda substancial esperada nos preços de combustíveis, principalmente em janeiro. Nesse mês também se espera recuo acentuado dos preços de passagem aérea. Para os demais componentes a projeção é, em geral, de persistência das pressões inflacionárias”, avalia o BC.

Para 2022, segundo o relatório, a chance de a inflação estourar o teto é de 41%. A meta para o ano é de 3,5%, com tolerância de 1,5 ponto percentual (até 5%). A projeção central do BC é de 4,7%.

No relatório anterior a probabilidade de ultrapassar o limite máximo era de 17%. No pior cenário simulado pela autarquia, os preços podem acelerar até 5,6% no próximo ano, 0,6 ponto percentual acima do teto da meta definida pelo CMN.

O BC diz que a inflação de 2021 ficou acima do esperado e se propagou para os anos seguintes via inércia (quando o número atual afeta os dados futuros). Houve também aumento das expectativas do mercado para o indicador.

Além disso, a depreciação cambial e o aumento da taxa de juros neutra, que não estimula nem contrai a economia, justificam a revisão para cima das projeções do BC para a inflação, segundo o relatório.

O BC revisou ainda as projeções para o crescimento do crédito em 2021 e 2022. Neste ano, a expectativa da autarquia é de crescimento de 14,6%, ante 12,6% no relatório de setembro. Para o próximo ano, a autoridade monetária espera alta de 9,4% nos empréstimos (contra 8,5% do documento anterior.

“Essa revisão decorreu de surpresas positivas nos últimos três meses nos saldos nominais de pessoa física e jurídica e do impacto do aumento na inflação esperada para o final do ano”, destacou o relatório.

“Entre os empréstimos às famílias com recursos livres destacam-se as modalidades de cartão de crédito e de crédito pessoal não consignado. No crédito direcionado a pessoas físicas, os financiamentos imobiliários em patamar elevado continuaram impulsionando o saldo”, pontuou o BC.

De acordo com o texto, o crédito rural também surpreendeu pelo aumento significativo nas concessões ao longo do ano, especialmente em linhas ligadas às commodities e dos insumos agrícolas.

“No crédito para empresas, observa-se nos últimos meses maior expansão das linhas de desconto de recebíveis e de crédito rotativo. Como esperado, o crescimento do saldo de crédito direcionado a pessoas jurídicas continua exibindo relevante desaceleração”, ressaltou.

No relatório, o BC ajustou a projeção para as contas externas. Em relação ao último relatório, houve aumento na expectativa de deficit em conta corrente para 2021, que passou de US$ 21 bilhões (R$ 119,9 bi) para US$ 30 bilhões (R$ 171,3 bi).

“A revisão reflete, principalmente, a expectativa de menor saldo da balança comercial, com aumento das importações”, disse a autoridade monetária.

O deficit esperado para as transações correntes em 2022 também aumentou em relação ao documento anterior, de US$ 14 bilhões (R$ 79,9 bi) para US$ 21 bilhões, em razão da expectativa de saldo comercial menor.

“A piora no valor esperado para as exportações reflete a recente deterioração nos preços de minério de ferro e petróleo”, justificou o BC.

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