Universidades públicas de Goiás veem qualidade do ensino desabar com aulas remotas na pandemia

Constatação é resultado de estudo publicado em dezembro. Especialista ouvido pelo Portal 6 aponta causas adicionais que levaram à essa situação

Augusto Araújo Augusto Araújo -
Biblioteca Central da UFG no campus Samambaia, em Goiânia. (Foto: Divulgação)

As instituições de ensino superior públicas estão correndo atrás do prejuízo em Goiás. A pesquisa “Ensino remoto emergencial e vulnerabilidade discente”, publicada no início de dezembro, apontou uma grave desigualdade entre os alunos.

Os dados indicam que 41% deles tiveram o aprendizado prejudicado ou impossibilitado durante o período em que o Ensino Remoto Emergencial (ERE) foi aplicado.

O levantamento foi realizado com 7,2 mil estudantes do Instituto Federal de Goiás (IFG), Universidade Estadual de Goiás (UEG) e Universidade Federal de Goiás (UFG).

Ao Portal 6 o professor da Faculdade de Educação da UFG (FE/UFG), Luiz Dourado, explicou que o ensino superior reflete a realidade desigual do país.

Isso porque 73% dos alunos que ingressam nas universidades vêm de famílias de renda abaixo de dois salários mínimos, o que foi possibilitado através de ações afirmativas para populações vulneráveis.

“A gente tem a ilusão de que na educação não há uma desigualdade. Mas boa parte dos estudantes só consegue ficar nas universidades com algum tipo de apoio estudantil, seja com moradia, alimentação, bolsa de estudos”.

Sendo assim, muitos desses estudantes tiveram aulas em condições precárias de internet, equipamentos ou locais inadequados para o aprendizado e ainda tendo de lidar com o impacto financeiro gerado pela pandemia.

O professor apontou que a principal causa para essa situação crítica foi a falta de uma política pública nacional de ensino, faltando tempo e recursos financeiros para as instituições se planejarem melhor.

“As universidades tiveram que se estruturar como puderam, sem apoio financeiro ou planejamento adequado do governo federal. ”

Ele relembrou que até foram feitas algumas medidas pelas instituições, como o fornecimento de computadores para alunos de baixa renda, mas que mesmo assim não foram capazes de evitar o dano.

“Acabou sendo uma saída necessária, mas com prejuízo muito grande, isso para aqueles estudantes que tiveram acesso. Ainda temos que levar em consideração aqueles que não tiveram condições nem de acessar às aulas”.

Luiz Dourado aponta que, a partir desse estudo e pesquisas semelhantes, as universidades terão uma base para a criação de medidas, visando minimizar ou recuperar o que foi perdido durante o ERE.

“As instituições terão de pensar em como receber esse aluno e dar uma resposta ao que eles disseram no levantamento. Teremos que mobilizar pesquisa, ensino e atividades para diminuir esse prejuízo”.

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