Com história de muita luta e esforço, moradora de Anápolis comemora aniversário de 100 anos

Em entrevista ao Portal 6, filha da idosa compartilhou alguns dos momentos mais marcantes da vida da mãe

Caio Henrique Caio Henrique -
Idosa veio para Anápolis pela primeira vez na década de 50. (Foto: Arquivo Pessoal)

Enquanto crianças e jovens, muitos passam bastante tempo pensando em até quando irão viver e nas aventuras que o futuro resguarda.

No entanto, com o passar dos anos e a chegada da cada vez mais intensa experiência, é comum ver as pessoas falando coisas do tipo “nossa, chegando até os 80 já está passando de bom”.

Porém, essa marca não é nem um pouco suficiente para Abissínia Bueno Monteiro, que na última quinta-feira (20) completou 100 anos de idade.

Em entrevista ao Portal 6, a filha da idosa, Leni Bueno Monteiro, contou um pouco da trajetória de vida da mãe, que presenciou e viveu momentos tão diferentes da história humana.

Nascida em Corumbaíba, cidade goiana próxima ao Triângulo Mineiro, Abissínia cursou até a quarta série enquanto aprendia e trabalhava como ajudante de sapateiro, costureira e também cabeleireira.

Ela se mudou para Anápolis na década de 1950, onde vive até hoje. Os nuances e obstáculos da vida, contudo, fizeram com que a centenária fosse obrigada a transitar por diversos lugares do país.

Uma das maiores razões para estas mobilizações foi o período da ditadura militar no Brasil, conforme explicado à reportagem pela filha, Leni.

“Meu pai foi preso na década de 1970. Meu irmão mais velho também se envolveu em um movimento estudantil que o levou a clandestinidade e eu acabei precisando ir estudar na Rússia”, contou.

“Tudo isto fez com que minha mãe resistisse às intempéries da vida, sempre visitando meu irmão na cadeia, longe de casa. Uma hora em São Paulo, outra em Brasília, depois em Juiz de Fora, enfim”, completou.

Após o Regime Militar acabar, a família ganhou, mais uma vez, tons de liberdade e união.

Todavia, os valores, crenças e esforços do marido de Abissínia, Clóvis Bueno, não pararam por um segundo sequer, durante os impressionantes 106 anos de vida.

Para a filha, essas experiências vividas pela mãe junto do companheiro a proporcionaram uma compreensão muito bela e abrangente da situação do Brasil.

“Ela entendeu muito bem o nosso cenário e realidade, apesar do pouco estudo. Esta mulher representa milhares de outras que, assim como ela, tiveram de enfrentar a dupla ou tripla jornada de trabalho, sonhando com uma transformação social”, concluiu.

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