É desesperadora a situação de abrigos de animais em Goiás durante a pandemia

Superlotados e com alta demanda por resgate, organização aponta sobrecarga: "não vamos conseguir resgatar todos"

Augusto Araújo Augusto Araújo -
Filhotes de cães na calçada rente a portão de residência. (Foto: Arquivo Pessoal/ Seliane dos Santos).

Inúmeros pedidos de ajuda nas redes sociais, abrigos lotados e dezenas de cães encontrados à mercê do acaso nas ruas. Esta é a dura realidade que as ONGs de animais vêm enfrentando em Goiás.

Ao Portal 6, a administradora da iniciativa Vida-Lata, em Goiânia, Cinthia Siqueira, afirma que a situação se agravou muito devido aos efeitos da pandemia de Covid-19.

“O abandono sempre foi frequente, nunca teve trégua. Mas agora, está havendo devoluções de adoções, abandono nas portas dos abrigos. A gente tem recebido muitos pedidos de ajuda pelo nosso Instagram”.

Ela também apontou que os refúgios passam por uma situação crítica no momento atual, devido ao alto número de bichos que recebem e precisam cuidar.

“Mandar para abrigo é a pior opção. Eles estão superlotados e acabam virando foco de doenças. Tem lugares em Goiânia com 500 animais, não existe nem tempo de colocar para adoção. A chance dele sair dali é mínima”, pontuou.

A situação não se resume apenas a Goiânia. Ao Portal 6, Seliane dos Santos, fundadora da SOS Animais em Anápolis, indicou que a demanda por resgates e pedidos de adoção aumentou demais.

“Antes a gente costumava receber pedidos com um animal abandonado. Hoje em dia, nós encontramos 15, 20 de uma vez. Está exorbitante.”

“Em quase 20 anos de proteção [aos direitos dos bichos] eu nunca vi o que está acontecendo agora”, complementou.

Além da questão dos abandonos, ela também afirmou que a queda no número de adoções caíram muito, o que colabora para essa crise nos abrigos.

“As pessoas que eu converso falam que não tem condição de comprar ração, aumentou muito o preço. Algumas tem dificuldade de comprar alimentação para a própria família, o que dificulta para manter os animais”.

Seliane ainda apontou que essa crise atinge todas as ONGs de Anápolis, que estão sobrecarregadas com demandas por resgate.

“Não vamos conseguir resgatar todos esses animais, da forma que eles estão sendo abandonados. Nenhuma ONG vai conseguir”, lamentou.

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