Sérgio Camargo chama Moïse de vagabundo e pode ser investigado por ofensas

Segundo o presidente da Fundação Palmares, a morte de Kabagambe nada teve a ver com racismo

Folhapress Folhapress -
O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)

A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão pediu ao Ministério Público de Brasília nesta terça (15) que apure a conduta do presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, em relação às suas recentes declarações no Twitter sobre a morte do congolês Moïse Kabagambe.

Kabagambe foi espancado até a morte num quiosque de beira de praia na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, no início do mês. Segundo Camargo, “o brutal assassinato nada teve a ver com racismo! Moïse foi vítima da selvageria de pretos como ele”.

Ainda segundo Camargo postou em uma rede social, “Moïse andava e negociava com pessoas que não prestam. Em tese, foi um vagabundo morto por vagabundos mais fortes”.

O conglês foi alvo de 39 pauladas de taco de beisebol, tendo ficado imóvel a partir da 36ª, quando estava imobilizado por uma chave de perna. Três suspeitos foram presos após confessarem à polícia a autoria do crime.

No ofício enviado ao MPF, o procurador federal Carlos Alberto Vilhena afirma que causa desconforto a vítima ser tratada como vagabundo, dado que o crime supostamente ocorreu por uma dívida trabalhista do quiosque com o congolês.

Vilhena também diz que o presidente da Palmares facilitou a divulgação das ofensas, com seus posts para seus mais de 30 mil seguidores no Twitter, e pede a apuração das condutas de Camargo com o objetivo de possível responsabilização civil, criminal e administrativa dele.

Lembra ainda que a polícia fluminense disse a veículos de imprensa que o racismo estrutural está relacionado ao tema em questão –se não ao crime em si, ao menos à situacao de vulnerabilidade da vítima.

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