Aumento no preço dos alimentos faz doações despencarem em instituições de caridade em Goiás

Principais responsáveis pela distribuição de cestas básicas, iniciativas enfrentam dificuldades para continuar o trabalho

Gabriella Pinheiro Gabriella Pinheiro -
Foto de entregas de cestas básicas pela organização Anjos em Movimento. (Reprodução/ Instagram)

Não foi só o IPTU e combustíveis que ficaram mais caros em Goiás. Os produtos alimentícios também sofreram uma grande variação de preço no estado.

Só nos últimos dois anos, em Goiânia, os itens da cesta básica tiveram um aumento médio de 57%, tornando a capital a terceira com maior alta no preço das cestas básicas no Brasil só em 2022.

A elevação dos valores tem impactado, em especial, uma categoria que atua no estado: as instituições de caridade.

Principais responsáveis pela distribuição de cestas básicas para a população mais carente, as entidades têm atendido um número cada vez menor de pessoas devido a escassez de doações recebidas.

É o que afirma a coordenadora do projeto Maria Maria, Elizabeth Silva. Em entrevista ao Portal 6, ela revela que o encarecimento dos alimentos em Goiás, tem feito a organização enfrentar dificuldades para continuar o trabalho de solidariedade.

“A gente já chegou a receber cerca de 50 à 60 cestas básicas. Agora, reduziu bastante. Em outubro do ano passado, no mês do dia das crianças, a gente arrecadou 60 cestas. Neste mês de março, contando com cinco cestas que eu montei, nós recebemos apenas 15”, afirma.

Segundo ela, o aumento da gasolina e a pandemia da Covid-19, cooperaram para que a situação chegasse a um estado crítico e afetasse seriamente o funcionamento do local.

“Por causa da pandemia, as doações sofreram uma migração. As pessoas pararam de doar diretamente pro projeto e passaram a doar para famílias que elas conhecem. Isso reduziu bastante a quantidade de cestas recebidas”, relatou.

“O aumento do combustível afeta nas prateleiras. Aumenta tudo né? Porque ai tem o transporte da mercadoria e por aí vai. Essa semana eu fui no atacadão e um litro de óleo estava 10 reais. Então tá bem puxado. Com 100 reais antes, dava para comprar duas cestas, agora só dá pra comprar uma” completa.

Outra entidade que também tem enfrentado problemas para conciliar as doações, é a “Tio Cleubaldo”. Segundo a diretora da associação, Marina Almeida, as entregas recebidas não conseguem mais atender todas as famílias cadastradas no programa.

“Nós não recebemos nenhuma doação fixa. A gente recebe conforme a sociedade goiana decide contribuir. Normalmente, as doações são de pessoas privadas que doam alimentos avulsos ou cestas básicas, mas elas [doações] nunca atendem a quantidade de famílias cadastradas no projeto, que são em média 5,2 mil”, conta.

A organização entrega cerca de 2 mil refeições prontas durante as quartas e domingo, mas explica que o aumento nos valores das mercadoria, dificulta a entrega desses alimentos.

“O valor dos alimentos impacta demais nas doações. Já que fazemos comida, nós sentimos muito no bolso. A pessoa que doava antes um arroz, agora doa um macarrão e isso faz muita falta no final do mês”, revela.

“Nós fazemos acontecer e dar certo,  mas as doações tem caído muito por conta das altas nos preços e também por estarmos fora de datas comemorativas. Mas tentamos sempre arrecadar por meio de divulgação, já que é a única forma que temos como entrada de benefícios”, diz.

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