Dia das Mães deve ter vendas menores e busca por produtos mais baratos

Pelos cálculos da CNC, o comércio varejista tende a movimentar R$ 14,42 bilhões em decorrência da data, que será celebrada em 8 de maio

Folhapress Folhapress -
Centro possui aproximadamente 5 mil lojas, sendo que 2 mil já fecharam as portas (Foto: Divulgação/UFG)

(FOLHAPRESS) – Em um cenário de inflação forte, renda fraca e juros elevados, as vendas do Dia das Mães no Brasil devem recuar 1,8% em 2022 frente a 2021, projeta a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

Pelos cálculos da entidade, o comércio varejista tende a movimentar R$ 14,42 bilhões em decorrência da data, que será celebrada em 8 de maio.

O evento é o segundo principal do calendário do comércio. Fica atrás apenas do Natal.

No ano passado, as vendas somaram R$ 14,68 bilhões, a maior quantia desde 2015 (R$ 15,1 bilhões), de acordo com estimativas atualizadas pela CNC.

Os números já levam em conta a inflação, que disparou nos últimos meses, dificultando a compra de bens e serviços.
Se a projeção da entidade for confirmada, as vendas de 2022 serão as menores desde o Dia das Mães de 2020, o ano inicial das restrições causadas pela chegada da pandemia ao país.

À época, a cifra havia despencado para R$ 8,82 bilhões, o patamar mais baixo de uma série histórica com dados desde 2005.

“A crise sanitária começa a sair de cena, mas aparece a deterioração das condições de consumo neste ano”, afirma Fabio Bentes, economista da CNC.

“A previsão é de um Dia das Mães morno”, acrescenta.

Brasileiro deve procurar itens que custam menos O ramo de vestuário, calçados e acessórios costuma responder pela maior fatia das vendas da data. Neste ano, o cenário não deve ser diferente.

A previsão é de faturamento de R$ 6,69 bilhões nessa atividade, avanço de 1,4% em relação ao ano passado, conforme a CNC.

Os segmentos especializados em utilidades domésticas e eletroeletrônicos (R$ 2,33 bilhões) e móveis e eletrodomésticos (R$ 2,29 bilhões) também devem responder por parcelas significativas das vendas.

Contudo, ambos tendem a amargar quedas expressivas em relação ao ano passado, de 9,3% e 9,5%, respectivamente.
Segundo Bentes, a explicação para as diferenças entre as atividades está relacionada, em parte, à piora das condições de consumo no país.

Com o aperto no bolso, o brasileiro tende a priorizar a compra de presentes que costumam custar menos.
Parte dos itens de vestuário, acessórios e cosméticos são exemplos dessa lista. Em outras palavras, pequenas lembranças devem ser mais buscadas.

A deterioração das condições de consumo dificulta sobretudo a aquisição de itens mais caros e que estão mais associados a compras parceladas. É o caso de eletrodomésticos e aparelhos eletroeletrônicos.

“O setor de vestuário deve concentrar boa parte do faturamento da data porque pode ter um ticket mais baixo”, pontua Bentes.

O avanço da vacinação contra a Covid-19 e a derrubada de restrições geraram uma expectativa positiva para o varejo nos últimos meses, diz Luis Augusto Ildefonso, diretor institucional da Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping).

Porém, o dirigente reconhece que o cenário do Dia das Mães é de cautela devido a fatores como a disparada da inflação e o endividamento das famílias.

“O consumidor vai celebrar, mas provavelmente o ticket médio será mais baixo ou muito parecido com o do ano passado”, diz.

“As famílias estão endividadas. Então, é bem provável que as mães recebam uma pequena lembrança de presente, e não um grande aparelho eletrônico ou um eletrodoméstico da linha branca”, diz Aldo Macri, vice-presidente do Sindilojas-SP, que representa em torno de 30 mil lojistas na capital paulista.

Na visão do dirigente, mesmo com a piora nas condições de consumo, a melhora do quadro sanitário e a derrubada de restrições a atividades econômicas podem até gerar um Dia das Mães um pouco melhor do que o do ano passado, mas ainda distante de uma situação “maravilhosa”.

“Com a busca por um preço menor, segmentos como o de vestuário vão ser procurados”, diz.

Alta de preços se espalha entre produtos Em março, a inflação oficial do país, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), chegou a 11,30% no acumulado de 12 meses.

É o maior nível desde outubro de 2003 (13,98%), segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
No mesmo período, produtos e serviços que costumam ser associados a presentes do Dia das Mães também ficaram mais caros.

Eletrodomésticos e equipamentos, por exemplo, acumularam inflação de 20,43% até março. Bijuterias (19,86%), mobiliário (19,80%), pacotes turísticos (19,63%), hospedagem (15,50%) e roupas femininas (14,24%) também subiram.

Tênis (13,62%), sapato feminino (13,43%) e relógio de pulso (12,47%) tampouco escaparam da carestia.
Para tentar conter a inflação, que ficou mais espalhada pela economia nos últimos meses, o BC (Banco Central) vem aumentando a taxa básica de juros.

Em março, a Selic alcançou 11,75%, o maior patamar em quase cinco anos. A taxa básica em elevação encarece o custo de linhas de crédito oferecidas a consumidores e empresas no país.

Em meio a esse contexto, a proporção de brasileiros endividados bateu recorde, de acordo com uma pesquisa da CNC.

Em março, o percentual de famílias que relataram dívidas a vencer chegou a 77,5%. É o maior já registrado nos 12 anos do levantamento. Um ano antes, a parcela era de 67,3%.

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos grupos do Portal 6 para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.

PublicidadePublicidade
PublicidadePublicidade