Existe consequência para quem não deixa recenseador do IBGE entrar em casa, mas ela não é aplicada

Em Goiás, o instituto precisa visitar cerca de 2,8 milhões de domicílios serão visitados nos próximos três meses

Emilly Viana Emilly Viana -
(Foto: Divulgação)

Quem se recusar a receber um recenseador do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ou a responder perguntas do Censo Demográfico de 2022 pode pagar uma multa salgada. Prevista em lei, a penalidade pode chegar até dez salários mínimos se o infrator for primário e até o dobro deste limite para reincidentes.

Apesar disso, como explica ao Portal 6 o coordenador operacional do Censo em Goiás, Daniel Ribeiro, o instituto não costuma recorrer à norma.

“É muito demorado, pois tem que notificar para depois aplicar a autuação e depois ainda tem o direito de defesa e o encaminhamento ao jurídico do IBGE. Não adianta porque, nesse tempo, todo o processo de pesquisa já foi concluído”, afirma.

Questões coletivas também desestimulam o uso da lei. “Nós não queremos comprar briga com a população, mas que ela seja receptiva conosco e colabore”, argumenta.

Até o início de novembro, serão visitados 3,3 milhões de endereços no estado – incluindo 2,8 milhões de domicílios – nos 346 municípios goianos. “Todas essas pessoas têm por obrigação prestar as informações solicitadas pelo IBGE. Por outro lado, o instituto se compromete a não divulgar dados pessoais”, destaca o coordenador.

Para ele, a maior perda do cidadão que se recusa a receber o recenseador ou a responder perguntas é social. “O censo é fotografia em tempo real, o retrato mais realista do país, sendo a única pesquisa que vai de casa em casa e acessa lugares remotos. É quase uma operação de guerra. E quanto mais informações, melhor o resultado e as políticas públicas que serão elaboradas com base nele”, avalia.

Na hora do questionário, a maior dificuldade enfrentada pelos entrevistados é o preenchimento da renda. De acordo com Daniel Ribeiro, os moradores costumam ficar constrangidos quando o assunto é dinheiro. “Mas não tem necessidade disso. Primeiro ele vai falar em qual faixa ele está e depois o valor exato. Nessa hora, os recenseadores até passam o aparelho para que ele digite discretamente”, expõe.

Identificação

A primeira orientação para identificar um recenseador, segundo Daniel Ribeiro, é conferir o uniforme. Ele usa um colete, bolsa e boné azuis, com a logomarca do IBGE em amarelo. Mas o mais importante é o crachá: deve ter foto do profissional, nome completo, matrícula, lotação, número de identidade e um QR-Code.

Neste ano, o IBGE também conta com apoio na identificação. “Foi feito um convênio com a Polícia Militar de Goiás, que pode ser acionada e confirmar a identidade do recenseador em caso de dificuldade com tecnologia”, aponta o coordenador.

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