Desrespeito, medo e falta de manutenção das ciclovias; a dura vida de ciclistas em Goiânia

Goiás é o estado com maior crescimento no número de ciclistas internados por acidentes graves

Emilly Viana Emilly Viana -
Ciclista Eduardo Pedrosa registra flagrante de desrespeito a ciclovia em Goiânia. (Foto: Arquivo Pessoal)

Depois que foram criadas as ciclofaixas no Jardim América, em Goiânia, Eduardo Pedrosa passou a pedalar por um novo caminho até o trabalho. Antes, o profissional de Tecnologia da Informação precisava passar entre os carros na Avenida T-9, que não possui trecho cicloviário, para chegar à empresa em que presta serviços, no Setor Marista.

O novo percurso, no entanto, ainda não é 100% contemplado pelos espaços exclusivos aos ciclistas. “Eu saio do Residencial Eldorado, pego a ciclovia que inicia no Terminal Bandeiras e sigo até a Praça Santos por ela. De lá, pedalo sem ciclovia até chegar no destino”, conta ao Portal 6.

Eduardo é administrador da página “Projeto Pedais GYN”, que começou com o objetivo de unir os grupos de bike e para mostrar como é pedalar no trânsito da capital. Entre as dificuldades enfrentadas no dia a dia estão déficit de trechos cicláveis, que hoje são cerca de 90km na capital, e o desrespeito por parte dos motoristas.

“Por exemplo, na Rua 9, no Setor Marista, os motorista não trocam de faixa para ultrapassar os ciclistas. Isso impossibilita ocupar a faixa”, aponta.

No caso das ciclofaixas, um fator que dificulta ainda mais o tráfego é que, segundo a estudante universitária Adriana da Costa, parte delas são voltadas para lazer e não funcionam todos os dias. Os trechos estão em parques e funcionam somente aos domingos e feriados.

“Entendo que queiram democratizar o uso da bike em lugares como o Vaca Brava, mas temos necessidade de mais ciclofaixas permanentes. Além disso, o motorista que passa e estaciona nas faixas durante a semana, não costuma respeitar os lugares nos domingos”, denuncia.

Manutenção

Outra reclamação é quanto à manutenção das estruturas. “É comum ver partes apagadas ou deterioradas que passam um tempo sem serem concertadas. É ruim porque dá mais insegurança e requer ainda mais atenção, além do que a gente já vive com motoristas e motociclistas”, afirma Adriana da Costa.

Um levantamento da Associação Brasileira de Medicina do Trânsito (Abramet) apontou que Goiás é o estado com maior crescimento no número de ciclistas internados por acidentes graves. O aumento, de 101% no ano passado, tem sido contínuo desde 2018.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM) para que a pasta se posicione em relação aos apontamentos dos ciclistas, mas não houve retorno até o fechamento da matéria.

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