Mulher trans tem matrícula negada em academia de Anápolis

Boletim de ocorrência foi registrado pela vítima, que desabafou: "Me senti muito ofendida"

Isabella Valverde Isabella Valverde -
Na época do caso de transfobia, um boletim de ocorrência foi registrado diante das provas. (Foto: Arquivo Pessoal)

Jhenyfer Marine Elmita da Silva procurou a polícia nesta segunda-feira (19) para denunciar um caso de transfobia em Anápolis. Ela, que é uma mulher trans, teve a matrícula recusada na academia Espaço Fernanda Fitness, que é exclusiva para mulheres.

Ao Portal 6, a vítima relatou que desde sexta-feira  (16) tentava se matricular, pois se exercitava em um outro lugar, mas os horários já não estavam batendo.

Ela entrou em contato com uma funcionária da academia para buscar informações e se matricular, até mesmo pelo fato de que se sentiria mais acolhida no espaço justamente pelo fato de ser exclusivo para mulheres.

“Eu tinha escolhido a academia da Fernanda por ser um espaço feminino. Então, por eu ser uma mulher trans, eu ia me sentir mais acolhida. Falei assim, vou malhar ali por ser mais perto de casa, não fecha no horário de almoço e vai ser só mulheres, então para mim ia ser uma maravilha”, afirmou.

Desde então Jhenyfer buscava um retorno com a resposta da academia, mas já na manhã desta segunda-feira (19), foi surpreendida com uma mensagem afirmando que ela não se encaixava no padrão da academia.

“Por volta de 07:40, eu acordei com a mensagem da Luana [funcionária do espaço] no WhatsApp falando que infelizmente não podia atender o meu pedido porque eu não me enquadrava naquele padrão, que lá a academia era só para mulher”, denunciou.

“Eu me senti muito ofendida. Desde quando uma mulher trans não é mulher? Eu não tenho uma aparência masculina para ela me proibir de matricular na academia”, completou.

Após o episódio, Jhenyfer buscou auxílio do Alex Costa, presidente da Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero da OAB Anápolis, e registrou um boletim de ocorrência no Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri).

Segundo o advogado, tal ação “configura um crime de racismo, Lei n. 7.716/89 na modalidade transfobia e ela já registrou boletim de ocorrência para a devida responsabilização jurídica”.

Alex Costa ainda ressalta que “a proprietária poderá sofrer uma condenação por racismo, e indenizar a vítima. A pena é de reclusão de 1 a 3 anos”.

A reportagem procurou a academia citada pela vítima, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto.

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