Pesquisadores veem tragédia anunciada com inundação no Córrego das Antas e apontam soluções

Trabalho de Eduardo Argolo, há seis anos, já alertou para o risco de alagamento como o do último domingo (23)

Isabella Valverde Isabella Valverde -
Ações são realizadas para evitar alagamentos na cidade. (Foto: Arquivo Portal 6)

Ano após ano, o período de chuva chega em Anápolis trazendo para a população uma constante preocupação voltada para os riscos de inundações em alguns pontos da cidade. No último domingo (23), um alagamento incomum causou a morte de três pessoas e deixou outros 27 desabrigados.

Um estudo realizado em 2016 pelo meteorologista da UniEVANGÉLICA, Eduardo Argolo, indica que uma das principais causas para as enchentes recorrentes na região do Rio das Antas é o crescimento desordenado da região sem um planejamento de infraestrutura e urbanismo adequado.

Ao Portal 6, o especialista explicou que neste processo, “muitas áreas foram impermeabilizadas e isso gera aumento do fluxo da agua durante uma chuva intensa. No Brasil é natural não haver planejamento para obras pluviais, visto que muitas ruas nem sequer tem galerias de água pluviais”.

Segundo ele, alguns locais como o Bairro Primavera e Jamil Miguel podem contar com pontos de inundação. Porém, “as regiões mais propensas a inundações são do centro da cidade, parte do centro na região da Prefeitura até o ginásio de esporte era um lago no passado, o local foi aterrado e canalizado. Pode-se dizer que nesta região a probabilidade de acontecer inundações é maior”.

Eduardo ainda enfatiza que a avenida posterior ao encontro do Rio das Antas com o Córrego Góis deve ser priorizada pelos poder público por contar com altos riscos por ser um concentrador de vazões.

Para por um fim no problema recorrente, o meteorologista aponta que são necessárias soluções de macro e microdrenagem.

“As de macrodrenagem são soluções dentro da área da cidade onde se encontram as bacias dos rios e córregos: Educação ambiental na questão do lixo na rua (entupimento de bueiros), criação de áreas verdes, uso de calçamento impermeável, adoção de áreas permeáveis em lotes”, afirmou.

“As de microdrenagem seriam o aumento das galerias de áreas pluviais em bairros não atendidos (principalmente nos bairros que contribuem para os tributários do rio da Antas como o Córrego Góis)”, completou.

O que fazer

Por outro lado, o professor de engenharia Felipe Garcia explicou ao Portal 6 que as enchentes não são um problema de agora e também ocorrem por conta das mudanças climáticas.

“O problema não é só de agora, é histórico. Não é o jeito que foi feito que está errado, acontece que a estrutura não consegue mais confortar a quantidade de água que vem da chuva”, explicou.

“Isso porque antigamente elas eram mais constantes e em menor quantidade, enquanto ultimamente está chovendo muito rápido e uma quantidade muito grande que vem de uma vez só”, completou.

Felipe aponta que para resolver toda essa situação, o ideal seria refazer algumas partes da drenagem urbana da cidade, trocando a pavimentação das ruas por algum sistema que fosse mais permeável e implantando canteiros centrais e laterais nesses locais.

No entanto, o professor também destaca que a própria população pode contribuir para evitar essas inundações que assolam Anápolis.

“A parte privada também pode contribuir bastante, por exemplo, usando tanques de contenção nas residências para que a água possa ser contida dentro da própria casa e podendo posteriormente ser utilizada para lavar calçada, carro”, pontuou.

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