Estado falha em não investir em Educação para evitar violência contra a mulher, diz especialista

Delegado de Polícia avalia crescimento dos crimes contra grupo e indica problemas enraizados na gestão social e de Segurança Pública

Emilly Viana Emilly Viana -
Mulher assustada cobre o rosto. (Foto: Marcos Santos / USP).

O aumento nos indicadores da violência contra a mulher em Goiás indica que faltam investimentos para evitar que este grupo fique vulnerável no estado. A avaliação é do professor Edemundo Dias, delegado de Polícia e especialista em Segurança Pública.

Levantamento realizado pelo Portal 6, com base em boletins da Secretaria de Segurança Pública (SSP-GP), mostrou que quatro dos cinco tipo de crimes praticados contra mulheres cresceu nos primeiros sete meses de 2022 quando comparado com 2021. Até julho deste ano, foram registradas 21.507 ocorrências relacionadas à violência doméstica, ou seja, 101 mulheres sofreram algum tipo de violência a cada dia neste período.

Ao Portal 6, Edemundo Dias chama a atenção para a redução, em contrapartida de crimes contra o patrimônio e violentos letais. Para ele, a diminuição da chamada ‘criminalidade violenta’ se deve, em parte, à liberdade que a gestão do governador Ronaldo Caiado (UB) deu para as Forças de Segurança atuarem, principalmente as militares, nas ruas. Porém, quando se trata dos mais vulneráveis, estas ações não são o suficiente.

“É preciso mais que uma repressão forte, mas também uma prevenção. Me parece que tanto o governo do presidente Jair Bolsonaro quanto o de Caiado têm visões equivocadas, nas quais se subestima a implementação de políticas públicas e isso repercute nas forças de segurança. É uma tremenda ignorância não investir o tanto que se deveria em Educação”, arremata.

Por outro lado, segundo o especialista, o aumento de casos também pode ocorrer quando o Estado intensifica a estrutura para atender as vítimas. “Em parte, isso ocorre mesmo. Se você aumenta o aparato, as mulheres poderão terão mais espaço para denunciar os crimes e buscar ajuda do Estado para punir e se livrar de seus agressores”, pondera.

Apesar disso, o professor avalia que este argumento não pode ser utilizado para tirar luz da questão. “Me preocupa, por exemplo, o crescimento do feminicídio. É o crime final da violência contra a mulher e, antes de cometê-lo, geralmente o autor já fez ameaças ou outras agressões contra a vítima. O que significa que o Estado falhou com essa mulher”, ressalta.

Resposta

Em nota, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Seds) afirmou que as ações e projetos do Governo para combate e prevenção à violência contra a mulher foram sistematizadas dentro do Pacto Goiano Todos Por Elas.

Entre as iniciativas estão o atendimentos às vítimas pelo Centro de Referência Estadual da Igualdade (Crei), acesso ao Programa Crédito Social, capacitação profissional de professores, servidores da Educação e servidores da Segurança Pública para reconhecimento de casos e acolhimento adequado e eficiente às vítimas. A gestão também alega ter implementado implementou as ‘Salas Lilás’, para atendimento específico das vítimas de violência.

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