Atraso da Prefeitura de Anápolis nos repasses às OSs deixou profissionais sem salário e comprometeu atendimentos

Semusa foi alertada para a precarização e o risco de paralisação do sistema caso não houvesse a liberação de recursos

Rafael Tomazeti Rafael Tomazeti -
Hospital Municipal Alfredo Abrahão, em Anápolis. (Foto: Bruno Velasco)

A saúde de Anápolis viveu momentos de estresse nos últimos dias. Com demora nos repasses às Organizações Sociais (OSs) que gerem as UPAs Alair Mafra (Vila Esperança) e Pediátrica e o Hospital Municipal Alfredo Abrahão, os profissionais que atuam na rede reclamam de atrasos de salários e más condições de trabalhos.

Médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem ouvidos pelo Portal 6 relataram que a folha de dezembro demorou a ser paga e há pendências, inclusive, no 13º.

“Todo mês há tensão para receber. Você não tem tranquilidade. Todo mês tem aquele medo. Não há certeza”, disse um profissional de saúde sob condição de anonimato.

A ausência de respostas da gestão piora a situação dos profissionais.

“Eventualmente, quando o atraso ainda é muito grande, justificavam que esperavam para receber [repasses], mas ainda não havia chegado”, contou um médico.

“Mas em outras oportunidades, quando se pergunta, eles não respondem”, completou.

No Hospital Municipal Alfredo Abrahão, técnicos de gesso não compareceram ao trabalho na quarta-feira (11) como forma de protesto. Sem eles, alguns procedimentos ficaram comprometidos ou atrasaram.

O atraso de salários tem origem no passivo que se criou com a irregularidade nos repasses às OSs, que castigou o caixa de algumas das gestoras e dificultou, entre outras coisas, a rotina de pagamentos salariais combinados.

A Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) foi alertada para a precarização e o risco de paralisação do sistema caso não houvesse a liberação de recursos.

Um médico que atua num dos hospitais da cidade contou que, nesta semana, atuou pela segunda vez num plantão que não tinha técnico de imobilização.

“Pelo menos cinco cirurgias foram canceladas porque a escopia estava queimada”. Entre os pacientes, havia um com suspeita de fratura na coluna.

Nesta quinta-feira (12), houve o pagamento de parte do valor. No entanto, o dinheiro acabou estornado para a Prefeitura, que precisou refazer a operação bancária.

Justificativa

Ao Portal 6, a pasta afirmou que houve atraso “devido ao orçamento que é refeito na virada de cada ano e o próprio sistema requer adaptação.”

Os profissionais de saúde credenciados, que trabalham como prestadores de serviço para a Prefeitura, também sofrem com atrasos.

O pagamento a esse pessoal já ocorreu, segundo a Semusa, na última quarta-feira (11), não sem um alegado atraso “por parte do sistema bancário” — que conforme a Semusa “já foi solucionado”.

Questionada pelo Portal 6, a Prefeitura de Anápolis nega que haja risco de paralisação da saúde na rede municipal.

“A Secretaria tem atuado para resolver qualquer problema, inclusive com a quitação do restante na data de hoje”, afirmou.

A reportagem questionou o quanto de repasses atrasados foi quitado e quais os valores ainda estão pendentes para cada uma das OSs que administra unidades da saúde na cidade. Não houve resposta até o momento.

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos grupos do Portal 6 para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.