Glória Maria é celebrada no Fantástico por amigos que reverenciam seu legado

Encontro que reuniu nomes como Maju Coutinho, Poliana Abritta e Pedro Bial relembrou alegrias e pequenos conflitos

Folhapress Folhapress -
Glória Maria é celebrada no Fantástico por amigos que reverenciam seu legado
(Foto: Reprodução)

Zeca Camargo, de SP – Pedro Bial mandou talvez a melhor frase do encontro de todos os apresentadores que cruzaram com Glória Maria no Fantástico. “Nós todos juntos aqui talvez não somamos nem a metade da energia que ela tinha”.

Ela, claro, Glória Maria, homenageada especial do programa desse domingo. Nós: Maju Coutinho, Poliana Abritta, Renata Ceribelli, Pedro Bial, Patrícia Poeta, Tadeu Schmidt e eu. Todos os apresentadores que, em algum momento da carreira, cruzaram com a jornalista de quem o Brasil se despediu na quinta-feira.

Foi especial, sem dúvida. Mas não apenas pelo encontro em torno de colegas –para celebrar uma outra colega que não estava mais lá. Além de todas as trajetórias profissionais ali reunidas no palco do Fantástico tinha a própria história do programa que dava liga àquele encontro.

Do Bial, que foi o primeiro parceiro de Glória na apresentação ao Tadeu, que ela introduziu como a nova cara do esporte no Fantástico, todos ali foram, ou melhor, são até hoje uma parte importante da construção de uma instituição do jornalismo da TV brasileira. Deram sua contribuição, cada um com suas características pessoais,
Num reflexo opaco disso, cada um de nós tinha uma relação diferente com Glória Maria, que como todos, teve seu papel na criação da indenidade do programa. A beleza do Fantástico, que em agosto completa 50 anos no ar, é justamente ser esse mosaico: de formatos, de assuntos, de personalidades. Personalidades essas que estavam ali, numa tarde de domingo, para homenagear uma apresentadora icônica.

O clima era surpreendentemente leve. Eu tinha me preparado não exatamente para um encontro solene, mas para uma experiência talvez mais sóbria. Porém, a própria figura que estávamos celebrando ali nesse encontro, não nos deixava muito espaço para a sisudez. E assim foi ela, inevitavelmente, que pautou a atmosfera da reunião.

Todos, de certa maneira, estavam ali para reverenciá-la. Maju e Poliana, que não chegaram a trabalhar diretamente com ela, nem por isso estavam menos emocionadas. Maju pela importância que a ascensão da própria Glória refletia na sua carreira; Poliana por uma relação pessoal de afeto com ela –e também um enorme respeito profissional. Ambas conectadas na emoção e na inspiração.

Comigo a relação foi mais direta. Um belo dia fui informado que eu seria oficialmente o apresentador oficial do Fantástico ao lado de Glória. Como já escrevi antes, reforço: senti-me intimidado. Que era a única reação possível de alguém que estava começando na apresentação de um dos programas mais importantes do Brasil diante de alguém que já era um ícone da TV.

E essa relação durou anos, bastante intensos. Construímos, ao longo dela, uma intimidade profissional e uma cumplicidade fora das câmeras que, no fim do dia, ou ainda, no fim da semana, funcionava muito bem. Ainda que com diferenças, normais numa relação tão duradoura. E todas conciliáveis.

Bial lembrou disso nesse encontro ao fazer um paralelo entre o relacionamento profissional e um casamento. Esse afeto e desafeto, era o próprio combustível de nossas parcerias tão bem sucedidas aos olhos do publico. Todos ali colecionavam comentários na linha “eu adorava ver vocês no programa”. E com que carinho isso era sempre dito.

Televisão é um universo extremamente competitivo. Mesmo assim, sempre houve lugar para gentileza, como nas flores que Patrícia Poeta contou ter recebido de Glória na sua estreia. Ou para o ensinamento, como Renata Ceribelli lembrou ao citar a maneira como Glória mudou o jeito de fazer reportagens: menos engessadas, mais espontâneas.

E nessa competitividade, entrava inclusive nossa –minha e dela– corrida para conhecer todos os países do mundo. Citei isso no encontro, nunca como uma disputa séria, mas como uma diversão, ou ainda, uma inspiração. É esse o astral de Glória que estava lá com a gente.

Lembramos de histórias divertidas. De conflitos que hoje parecem efêmeros –Bial rememorou a luta que era para chegarem a uma temperatura que agradasse aos dois no estúdio– às impressões dos primeiros encontros, misturamos memórias e, como se diz no meu “mineirês” nativo, causos. E celebramos uma mulher querida por todos o Brasil.

O peso nos nomes que estavam ali reunidos era quase irrelevante. Tadeu, no comando do programa mais popular da TV, o BBB, que o próprio Bial transformou num fenômeno depois uma carreira consagrada no jornalismo.

Patrícia com um currículo que passa pelo Jornal Nacional e, atualmente, pelo protagonismo do Encontro. Renata com um carisma e uma dedicação que vem desde o Video Show nos seus tempos áureos e segue até o no Fantástico. E, bem, Maju e Poliana, nomes –e rostos– que o Brasil já há algum tempo reconhece e admira.

Neste encontro, no entanto, éramos apenas coadjuvantes, ainda que por uma noite, de uma mulher chamada Glória Maria.

Amigos e colegas se divertindo e lembrando com ternura de alguém que, entre idiossincrasias, toques de perfeccionismo impertinente, risadas e confrontos, mesmo distante, teve o poder que nos reunir ali, naquele estúdio do Fantástico, não como os profissionais que somos, com as trajetórias que temos.

Mas como amigos que queriam simplesmente lembrar a todos de como é importante guardar o que fica de bom de uma relação de tantos anos.

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