Berço das águas, Goiás pode sofrer crise hídrica por conta de aumento de erosões

Autor identificou que as ações antrópicas, como a intensa atividade agropecuária, contribuem para o aumento do fenômeno

Maria Luiza Valeriano Maria Luiza Valeriano -
Erosão próxima ao Aeroporto de Cargas, em Anápolis. (Foto: Reprodução)

O manejo errôneo do solo em Goiás pode acabar resultando na falta de água no estado, é o que aponta uma pesquisa realizada no Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais (PRPG) da Universidade Federal de Goiás (UFG).

O autor, Tiago Miranda Dantas, identificou que as ações antrópicas, como a intensa atividade agropecuária, contribuem para o aumento de erosões. Nesses pontos foram notados não só a diminuição de quantidade quanto da qualidade do recurso hídrico.

Ao Portal 6, Tiago explicou que a erosão é um processo natural, resultado da degradação do solo e que pode ser causada pela chuva, cobertura vegetal, relevo ou pelo tipo de solo.

No entanto, esse fenômeno pode ser intensificado por ações do homem, o que gera sérios impactos em regiões já vulneráveis.

Ele aponta que as atividades agropecuárias no estado, que já ocupam grande área de vegetação nativa, podem contribuir para esse processo. “Se você tem uma área de 15 mil hectares que era de mata nativa que foi suprimida para criar pastagem, já se perde a proteção natural contra processos erosivos”, explica.

“Sem o manejo correto do solo, onde você não segue à risca os processos ambientais de preservação, há maior suscetibilidade de erosão”, defende. Tiago aponta que o correto seria tratar o solo o ano todo, com o intuito de manter os nutrientes e monitorar o processo de compactação, entre outros fatores.

Dentre as consequências da erosão para o acesso ao recurso natural, destaca-se a contaminação da água por enchentes e impermeabilização da terra por atividade de pastoreio, exemplifica o pesquisador.

O especialista ainda ressalta que em Goiás, as áreas que são naturalmente degradadas são mais afetadas durantes os períodos chuvosos.

Como resultado, a própria atividade agropecuária sofre com a falta de água e outros recursos. “Se não preservar os nutrientes do solo e evitar a erosão, torna-se necessário usar mais fertilizantes, o pecuarista perde uma grande área de solo, a pastagem vai estar degradada”, detalha o pesquisador.

Soluções

Já é possível ver as consequências do manejo incorreto da terra em Goiás. Em agosto de 2021, a Bacia do Rio Meia Ponte, uma das principais bacias para abastecimento público no estado, registrou que o vazão do rio estava menor que 4 mil l/s, categorizando nível crítico 2.

Para evitar crise hídrica, Dantas argumenta que é importante delimitar o quanto antes a correta avaliação e licenciamento de uso dos recursos naturais. Curva de nível, planejamento de trânsito de máquinas, rotatividade de culturas, reflorestamento, conservação da vegetação nativa são fatores que contribuem para uma solução, segundo o cientista ambiental.

“É preciso entender que os recursos hídricos dependem não somente do uso consistente. Mas também entender que é necessário captar e devolver este recurso ao seu ciclo hidrológico de forma sustentável para assegurar sua disponibilidade futura”, pontua.

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