Idosa que caiu dentro de ônibus da Urban não resiste e morre após 8 dias aguardando cirurgia

Filho conta como foi a luta que a mãe vivenciou depois do acidente e do sentimento de revolta em ver ela partir sem poder fazer nada

Isabella Valverde Isabella Valverde -
Dona Rosa faleceu nesta quinta-feira (23), após esperar oito dias por uma cirurgia. (Foto: Arquivo Pessoal)

Após sofrer um grave acidente no interior de um ônibus da Urban, e passar oito dias internada na espera por uma cirurgia, Rosa Maria de Oliveira, de 60 anos, não resistiu e veio a óbito nesta quinta-feira (23), em Aparecida de Goiânia.

Ao Portal 6, o filho, Webert de Oliveira, contou que no dia 14 de março, a mãe estava seguindo a rotina normalmente, havia levantado como de costume e se arrumado para ir ao Hospital Estadual de Anápolis Dr. Henrique Santillo (HEANA), onde trabalhava como auxiliar de cozinha.

Durante a manhã, chovia bastante, mas Dona Rosa, como era carinhosamente conhecida, entrou no ônibus rumo ao serviço. No entanto, próximo ao ponto de embarque, havia um quebra mola e, quando o motorista passou por ele sem os devidos cuidados, a idosa, que ainda não tinha conseguido sentar, caiu.

Com a queda, a senhora fraturou uma das vértebras e comprimiu a medula, tendo que ser encaminhada com máxima urgência para o HEANA.

Todavia, a unidade hospitalar não possuía a estrutura necessária para a cirurgia e Dona Rosa teve que ser transferida para o Hospital São Silvestre, em Aparecida de Goiânia.

Lá, ela esteve internada por oito dias na espera pelo procedimento, não podendo nem ao menos receber a visita do filho.

“Ela ficou oito dias dentro de um quarto. Todo dia colocavam ela de jejum das 06h às 13h. Chegava 14h, tiravam ela do jejum e falava que a cirurgia seria realizada no outro dia. Eu fui todos os dias e não me deixavam vê-la, só fui conseguir no quarto dia, quando entrei escondido. Saí de lá em desespero, vi a situação dela e sabia que ela ia morrer”, afirmou Webert.

O filho chegou a avisar o médico que a genitora possuía trombose e se demorasse muito para realizar a cirurgia, ela iria morrer. Todavia, ela só foi realmente encaminhada para o centro cirúrgico nesta quinta-feira, quando não resistiu.

“Ela entrou para a sala de cirurgia conversando igual eu estou aqui, e saiu dentro de um caixão”, lamentou.

Webert relata que a Urban prestou suporte, oferendo fraldas e ajudando com algumas coisas. No entanto, quando pediu para que trocassem ela de hospital, não foi atendido.

Agora, além da imensa dor com a trágica perda, ele conta que o sentimento é de revolta pela forma que viu a mãe morrer.

“O sentimento é de revolta, porque eu vi minha mãe morrer dentro do hospital, sem poder fazer nada. Outra coisa, eu chegava na recepção e eles me proibiam de entrar. Eu vi minha mãe morrer escondido, porque eles me proibiam de entrar. Eu estou revoltado, uma mulher forte dessas, de 60 anos, trabalhando, veio a óbito por negligência do hospital”, pontuou.

O Portal 6 tentou contato com o Hospital São Silvestre por diversas vezes, mas não obteve retorno até o fechamento da matéria. O espaço segue aberto

A Fundação Universitária Evangélica (FUNEV), entidade que administra o HEANA, utilizou as redes sociais para prestar uma última homenagem à Dona Rosa.

“Dona Rosa, como era carinhosamente chamada, atuava como auxiliar de cozinha do Serviço de Nutrição Diabética – SND no HEANA/FUNEV. Será para sempre lembrada pelo seu jeito amoroso, amigável, seu carisma e por sempre se mostrar prestativa a todos que conhecia e conviviam com ela”, afirma a nota de pesar.

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