A real intenção por trás da demissão em massa de comissionados da Prefeitura de Anápolis

Ao todo, 360 pessoas foram exoneradas sob argumento de redução de gastos

José Fernandes José Fernandes -
Fachada do Centro Administrativo em Anápolis. (Foto: Arquivo/Portal 6)

Deixa eu mostrar a vocês leitores o que tem de mais nojento na política. Na última quarta-feira (5), a Prefeitura de Anápolis exonerou 360 servidores comissionados com o argumento de reduzir gastos e resultar numa economia de milhões para a cidade.

Muito bom, né! Será?

Para os demitidos, uma Páscoa com sabor amargo. Eles serviram como massa de manobra durante o ano eleitoral de 2022, cumprindo à risca o que o chefe ordenara. A esses só deixo meu lamento e aviso que nem tudo está perdido, pois eles poderão voltar ao trabalho na Prefeitura.

Como assim? Eu explico! Aqui está a nojeira da política que referi no início.

Em dezembro de 2021, os vereadores foram pressionados a votar a favor do aumento de IPTU e na criação de quase 500 cargos comissionados, em regime de urgência. Obviamente, votei contra por vários motivos. Inclusive, o de não punir os anapolinos no pós-pandemia. A maioria votou concordando com o prefeito, aumentando imposto e contratando um batalhão de servidores em ano eleitoral.

Em 2022, o maestro conseguiu eleger quem ele tinha interesse, mantendo o controle dos comissionados e cada vez mais forte a parceria com os vereadores, aprovando 100% das matérias que enviou à Câmara Municipal. Inclusive, a ridícula reforma administrativa do mês passado. Digo ridícula, porque sequer atinge 10% de economia e não incluiu esses 360 servidores demitidos há dois dias.

Por que não incluiu nessa lei? Simples: o jogo nojento dos bastidores da política.

Aqui não tem nada a ver com a economia aos cofres públicos de Anápolis. Muitos cargos criados foram preenchidos com indicações de políticos. Agora, o senhor prefeito com uma canetada demite centenas, forçando esses políticos a pedir arrego e clamar pela recontratação dessas pessoas, que são descartáveis após as eleições.

Para isso acontecer haverá um custo. Obedecer as diretrizes e acordos para eleição de 2024. Repito! Isso é de dar nojo.

O que está em pauta não é a cidade e as mazelas que estão nos afligindo como a deterioração da saúde, a fuga das empresas para outras cidades do estado, as operações policiais nas repartições públicas ou os buracos nas ruas.

A prioridade na pauta é se manter no poder a qualquer custo.

Finalizo deixando um desafio a quem estiver lendo esse artigo. Observem, já na próxima semana, o número de servidores que serão recontratados. Basta vocês acompanharem no Diário Oficial da Prefeitura, disponível na internet.

Enfim, não é de dar nojo?

Anápolis precisa dos anapolinos.
É isso!

José Fernandes é médico (ortopedista e legista) e bacharel em direito. Atualmente vereador em Anápolis pelo MDB. Escreve todas às sextas-feiras. Siga-o no Instagram.

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