Conheça os Tapuia do Carretão, a maior comunidade indígena de Goiás

Ao Portal 6, doutoranda nativa explica a formação histórica dos povos indígenas no estado

Samuel Leão Samuel Leão -
Doutoranda Tapuia Eunice Pirkodia. (Foto: Rubens Salomão/Sagres Online)

O maior povo indígena do estado de Goiás é formado pelos Tapuia, na comunidade do Carretão.  Eles contam com 222 integrantes aldeados, além daqueles que já se mudaram e vivem em centros urbanos. Já a demarcação territorial se estende pela região do Vale do São Patrício e se divide em duas concentrações não contínuas: Carretão I, entre Nova América e Rubiataba, e Carretão II, em Nova América.

Ao Portal 6, a originária doutoranda em Direitos Humanos, Eunice Pirkodi Caetano Moraes Tapuia, integrante da comunidade, relatou a constituição mista do aldeamento. Ela foi criada em uma tentativa de unir várias etnias que sofriam com sabotagens, como envenenamentos, e que também foram expulsos dos próprios territórios.

O início dessa união de remanescentes foi em 1788, quando o local ainda se chamava Pedro III. À época, cerca de 5 mil Xavantes, e depois Karajás e Kayapós, se aglomeraram e mesclaram na comunidade.

A modalidade escolhida em Goiás não é ideal, já que não respeita as diferenças originárias de cada povo. Inclusive, há rixas históricas entre duas etnias ali existentes.

“Ser indígena no estado de Goiás é saber que você é um povo resistente, porque resistiu a todo tipo de massacre e opressão, desde a época dos bandeirantes “, contou Eunice.

“Era muito estimulado o casamento interétnico, de modo a apagar a identidade dos indígenas e tornar a terra ocupada por eles comerciável”, complementa a pesquisadora.

Além deles, outros dois povos indígenas vivem em Goiás – Iná, ou Karajás, e os Avá Canoeiros.

Saúde e Educação

A doutoranda contou também sobre a conquista ao acesso à educação. Sua comunidade conseguiu a primeira escola local em 2004, a escola estadual Indígena Cacique José Borges, e mesmo que com estruturas antigas, a instituição garante o ensino aos aldeados.

Entretanto, reforça que a saúde tem sido um ponto crítico na região, pois não contam com uma unidade na zona rural que circunda a aldeia. Contudo, Eunice não se resigna e busca, por meio da educação, o espaço e reconhecimento devidos ao povo Tapuia.

“Estamos prontos para acessar o conhecimento científico, e disponibilizar também nossos conhecimentos aos não indígenas do Brasil, pois quando se conhece a história dos povos indígenas, está se reconhecendo as raízes e a história do povo brasileiro” finalizou.

 

 

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