Amigas que rezavam pela “cura gay” se casam e contam por que não se arrependem de deixar a igreja

Mulheres encontraram "libertação" no amor e estão unidas há seis anos

Gabriella Licia Gabriella Licia -
Mulheres que rezavam pela ‘cura gay’ se casam em Fortaleza (CE). (Foto: Reprodução).

Duas amigas que antes oravam pela “cura gay”, a farmacêutica Mariana, de 44 anos, e a pedagoga Adriana, 51 anos, hoje vivem um relacionamento amoroso e estão casadas há seis anos.

Por mais que pareça um roteiro digno de filmes ficcionais, essa é uma história que realmente aconteceu, na cidade de Fortaleza (CE).

Antes de dar início à relação com Adriana, Mariana chegou inclusive a ser casada com um homem, o qual é pai de uma filha que tiveram durante a adolescência.

No entanto, a farmacêutica contou ao Extra que o casamento tinha uma base muito forte de machismo e submissão por parte dela.

“A relação com o meu ex-marido tinha muitos problemas e víamos a igreja como uma tentativa e salvar o casamento”, relatou.

Ao completarem 10 anos juntos, o casal passou a frequentar uma igreja batista, onde o relacionamento passou a se tornar ainda mais opressivo.

As duas mulheres se conheceram quando a filha de Mariana completou 13 anos. Adriana ministrava aulas sobre educação bíblica e recebeu uma ligação para falar sobre as dificuldades emocionais da adolescente.

Procurando ajudar a jovem, ambas se tornaram mais próximas conforme o tempo passava. Posteriormente, a mãe descobriu que a filha era lésbica e namorava uma outra mulher da igreja.

Mariana não aceitou a sexualidade da adolescente e chegou a orar junto com Adriana para que ela fosse “curada”.

Mudança de chave

A crise no matrimônio da farmacêutica foi se tornando cada vez mais grave, pois o marido passou a tentar impedi-la de ir ao templo quando ele não pudesse e a criticar amizades com mulheres solteiras da igreja que também eram amigas de Adriana.

Cansada de sofrer os abusos, Mariana saiu de casa e deu fim ao casamento. Tempos depois, ela baixou aplicativos de encontros e passou a paquerar outros homens.

Entretanto, a amizade com a pedagoga ficou estremecida naquele momento. Com o tempo, ela percebeu que o que a amiga sentia era ciúmes.

Adriana, por sua vez, contou ao Extra que tentou esconder os sentimentos por Mariana. Mas ela tomou coragem, foi à casa da farmacêutica e abriu o jogo com ela.

Após revelar a paixão, a pedagoga foi correspondida e o casal deu início a um namoro. Aos poucos, elas iam contando para amigos próximos e familiares.

Elas decidiram abrir mão da igreja, o que hoje enxergam como uma “libertação”, e de amizades que frequentavam o local.

Depois da revelação, o pai de Mariana ficou dois anos sem conversar com ela e Adriana foi demitida do emprego.

Atualmente, elas vivem com as filhas da farmacêutica e permanecem unidas apenas de todas as dificuldades. O casal afirma que ainda acreditam em Deus, mas que não seguem nenhuma religião.

“Acredito que Jesus Cristo foi uma pessoa empática. A minha relação com Deus mudou quando deixei de apenas ouvir o que era falado na igreja e li a Bíblia. Passei a vê-lo como alguém que não julgava, mas sim acolhia”, disse Mariana.

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