Caso da mãe que deixava as filhas serem abusadas pelo padrasto gera revolta em Goiás

Portal 6 conversou com delegado responsável pela investigação, familiares e o Conselho Tutelar, que presta suporte às vítimas

Augusto Araújo Augusto Araújo -
Delegado Wesley da Silva, da DPCA Goiânia, foi o responsável pelo caso. (Foto: Augusto Araújo/ Portal 6).

Nesta segunda-feira (15), a Polícia Civil (PC) de Goiânia prendeu preventivamente uma mãe, de 46 anos, e o namorado dela, de 60 anos, pelo estupro das duas filhas ainda crianças.

Em entrevista ao Portal 6, o delegado da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Wesley da Silva, confirmou que as vítimas tinham idade de 09 a 10 anos quando os abusos do investigado começaram, por volta do final de 2019 e início de 2020.

Além disso, ele apontou que a genitora tinha ciência do que estava acontecendo, mas permaneceu omissa e ainda estimulava a prática dos atos sexuais com o homem, em troca de auxílios financeiros.

“As adolescentes pediam coisas simples, como um aparelho celular, e ela induzia as meninas a passarem um tempo junto com o investigado, a fim de que recebessem esse aparelho [em troca de favores sexuais]”.

Os abusos aconteciam principalmente em Guapó (Região Metropolitana de Goiânia), onde o suspeito mora, mas também ocorreram em Aparecida e na capital.

O delegado apontou que alguns dos atos sexuais chegaram a ocorrer na frente da mãe, como toques por cima das roupas das vítimas.

Além disso, o namorado da mãe também enviava filmagens próprias com conteúdo sexual e mensagens inapropriadas para uma das garotas.

A genitora das crianças foi presa em Guapó, em uma situação que foi entendida como tentativa de fuga, visto que ela teria recebido a informação que a PC estava atrás dela.

Já o namorado foi preso em Goiânia. Após os procedimentos administrativos necessários, ambos foram levados para uma unidade prisional e estão à disposição do Poder Judiciário.

“Sensação de revolta”

Portal 6 conseguiu conversar, com exclusividade, com um dos familiares das vítimas, que pediu para não ter a identidade revelada.

Ele disse que o sentimento que predomina é o de revolta e tristeza, tanto pelas crianças, quanto pela mãe investigada, que deveria estar protegendo as meninas ao invés de ser conivente.

“Eu sou pai, padrasto, crio com maior carinho as minhas enteadas. A partir do momento que você cria alguém, tem que pensar no sentido de protegê-las e não com segundas intenções”, pontuou.

O familiar também disse que conversou com a investigada e que ela teria revelado a ele que estava sendo ameaçada pelo namorado na época.

Ao Portal 6, o delegado Wesley informou que a mulher não teria dito isso no depoimento prestado à DPCA.

Conselho Tutelar

Por sua vez, Élita Arantes, conselheira tutelar da Regional Vila Brasília, em Aparecida de Goiânia, destacou que o Conselho Tutelar está participando ativamente do caso e oferecendo suporte para as crianças.

As duas vítimas já teriam inclusive começado a receber tratamento psicológico, estando bastante abaladas e fragilizadas emocionalmente.

“Elas estão mantidas em proteção, acolhidas por pessoas que ofereceram apoio. Elas ainda serão ouvidas por uma juíza, para resolver essa questão da guarda de uma forma legal”, pontuou.

Além disso, Élita comentou sobre a necessidade de se prestar atenção ao que as crianças e adolescentes falam sobre possíveis situações de abusos sexuais, para garantir que elas recebam o socorro e atendimento que merecem.

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