História da luta pela igualdade racial construída por mulheres em Goiás ganha as telas

Ao longo de 28 anos de história, grupo se destacou por ser um dos primeiros a defender a causa no estado

Maria Luiza Valeriano Maria Luiza Valeriano -
(Foto: Divulgação)

Após 28 anos de luta em prol da equidade racial e de gênero, o grupo de mulheres negras Malunga se prepara para exibir o primeiro documentário que contará a história da organização.

Neste sábado (03), das 15h às 20h, na Vila Cora Coralina, em Goiânia, a série documental “Malunga conta sua história” irá retratar diferentes aspectos de vivência do grupo, desde a fundação até os sonhos para o futuro.

A série documental é dividida em cinco partes, “Fundadoras”, “Onde tudo começou”, “Juntas vamos mais longe”, “Fazer por nós e para nós” e “Ancestralidade e continuidade” .

Entre os temas, o público conhecerá ações como capacitação de parteiras em comunidades quilombolas, oficinas de elaboração de projetos e rodas de conversa para levantar demandas de saúde.

O grupo se provou digno de registro há décadas, quando iniciou os trabalhos ainda em 1995, se tornando um dos primeiros de mulheres negras em Goiás.

Malunga, do Yorubá “companheira”, expressa a coletividade que a Organização Não-Governamental (ONG) defende e ensina.

Entre as mulheres que trilharam o caminho para que o grupo alcançasse a posição em que se encontra hoje, como liderança da Articulação Nacional de Mulheres Negras, região Centro-Oeste e referência nacional quando diz respeito ao cuidado coletivo da população negra, Sônia Cleide acompanhou todo o processo árduo.

Ao Portal 6, a fundadora afirmou que o documentário surgiu para registrar o que já foi conquistado, com relatos de parceiros e participantes que fizeram parte da jornada, além de divulgar a ONG para as futuras gerações.

No entanto, Sônia aponta que é apenas um pequeno recorte e, por isso, ainda existe o plano de produzir um filme completo.

Para ela, apesar dos avanços que conquistaram nas últimas décadas, ainda há uma série de problemáticas contínuas.

“Precisamos de um Comitê de Saúde da População Negra e de uma Câmara Técnica da Anemia Falciforme”, destacou.

De acordo com a fundadora, a população enfrenta algumas particularidades de saúde que precisam de mais atenção das autoridades, como é o caso da anemia falciforme.

Em 2005 e 2006, o grupo já havia proporcionado uma capacitação específica de profissionais da saúde perante tais necessidades em conjunto com a Secretaria do Estado da Saúde (SES), porém, o problema persiste.

Além disso, Sônia aponta para a mortalidade dos jovens negros, justiça reprodutiva e também para a intolerância religiosa em Goiás.

“Uma mulher não pode vestir as roupas e ir ao terreiro que ela pode ser atacada. Já recebemos relatos de mulheres que foram xingadas e até levaram pedradas”.

Para lutar em prol da população negra, o Malunga aposta na formação de jovens para a participação efetiva de conselhos municipais, estaduais e nacionais.

“Só é possível ter uma mudança com políticas públicas. Participamos de conselhos, mas eles são de cima para baixo, não há deliberação. Precisamos lutar para que os projetos sejam implementados, esse é o grande desafio”.

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