Pela 1ª vez, fiéis de religiões de matriz africana lotam Plenário da Câmara de Anápolis

Audiência pública discutiu o atual cenário de intolerância religiosa na cidade

Davi Galvão Davi Galvão -
Audiência realizada nesta quarta-feira (21), com o intuito de discutir a violência religiosa (Foto: Sheldon Feitosa)

“É a primeira vez que nós temos um debate sobre intolerância religiosa e a primeira vez que lideranças de religiões de matriz africana estiveram no Poder Legislativo em peso”. A afirmação é do vereador Professor Marcos (PT), que realizou na última quarta-feira (21), uma audiência pública para tratar do atual cenário de intolerância religiosa em Anápolis.

O parlamentar explica que as lideranças discutiram temas como a efetividade da Lei 10.639, que fala sobre o trabalho com a história da África nas escolas; a efetividade da regulamentação que tipifica o crime de racismo religioso e sobre a importância de se construir uma cultura de paz e de respeito a todas as religiões.

Entretanto, apesar de o convite ter sido feito a todos os segmentos de religião, sem enfoque em nenhum em específico, um fato que não pode deixar de ser notado foi a esmagadora presença de membros de religiões de matriz africana.

Carmem Silva, conhecida como Mãe Carmem, é vice-presidente da Federação de Umbanda e Candomblé do Estado de Goiás. Com mais de 47 anos de terreiro, esteve presente durante todo o evento. Ela afirma que havia sim alguns praticantes da religião evangélica e católica, mas que eram, de fato, minoria.

Segundo a mãe de santo, o motivo para essa desproporcionalidade talvez tenha sido justamente o fato de que, nas palavras dela, membros de religiões de matriz africana são os que mais sofrem com esse preconceito. Daí, a necessidade de estar engajado politicamente.

“Muita gente fala que umbandista só faz coisa errada, só faz maldade, mas não, nós não temos tempo para fazer coisa errada. Nosso telefone aqui [do terreiro] toca o dia todo com gente chorando, pedindo ajuda para comprar cesta básica, remédio, que tá precisando de uma internação”, revela, e diz também que sempre se esforçam para conseguirem ajudar, mesmo tirando dinheiro do próprio bolso.

Professor Marcos ainda deixa claro que, para futuros encontros, as portas continuam abertas para os demais segmentos religiosos.

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