“Não é uma fila de espera, é uma fila da morte”, diz paciente de Anápolis que há quase 1 ano aguarda cirurgia cardíaca

Especialista informou que, dada a condição, ele deveria ter sido operado no máximo 10 dias após o pedido do procedimento: "risco de morte súbita"

Caio Henrique Caio Henrique -
Francisco aguarda na fila de cirurgias cardíacas há quase 1 ano (Foto: Elvis Diovany/ Portal 6)

Francisco Apóstolo Gomes, de 62 anos, é um dos 38 moradores de Anápolis que aguardam ansiosamente na longa fila de espera para a realização das cirurgias cardíacas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Lista essa que já chegou a ser maior, mas que se encurtou pela pior causa possível: cinco pessoas perderam a vida enquanto aguardavam as intervenções de urgência.

Conforme explicado ao Portal 6 pelo único cirurgião cardíaco que realiza as cirurgias pelo SUS no município, Walter Vosgrau, os procedimentos foram suspensos pela Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) e seguem paralisados desde junho do ano passado.

Francisco está na fila desde agosto de 2022 – há quase um ano – na esperança de, enfim, conseguir a cirurgia. O grande problema, entretanto, é que ele corre um perigo maior a cada segundo que se passa.

Isso porque, segundo a avaliação do próprio Walter, o quadro do idoso é gravíssimo, já que além de problemas sérios no coração, ele também faz hemodiálise – procedimento para os rins que enfraquece e desgasta muito o corpo.

“Ele tem estenose valvar aórtica grave [que causa um estreitamento da abertura da válvula aórtica, obstruindo o fluxo de sangue] e lesão coronária [danos nos vasos sanguíneos]. Esta associação é um perigo imenso para o coração e pode resultar em morte súbita”, afirmou.

“Deveria ter operado, no máximo, 10 dias após o procedimento”, completou o especialista.

Em entrevista ao Portal 6, Francisco clamou que as autoridades “coloquem a mão na consciência” e cuidem dessa crise na saúde anapolina.

“Queria viver mais, acho que estou muito novo ainda, para morrer com 62 anos. Que esse povo coloque a mão na consciência e resolva esse problema de administração, pelo amor de Deus. Não é mais uma fila de espera, é uma fila da morte”, afirmou.

“Eu não aguento mais, não consigo continuar assim. Eu caminho até a esquina e preciso parar, porque não aguento o formigamento e a queimação no meu peito”, concluiu.

 

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