“Se o prefeito precisar ser operado terá que ser levado de avião para outro município”, diz cirurgião Walter Vosgrau

Por falta de assistência da prefeitura, foram confirmadas férias coletivas da equipe médica que atende pelo SUS nesta sexta-feira (21)

Samuel Leão Samuel Leão -
Walter Vosgrau é médico e cirurgião cardiovascular. (Foto: Ismael Vieira)

“Se o prefeito precisar ser operado terá que ser levado de avião para outro município”, foram com estas palavras que o cirurgião cardíaco, Walter Vosgrau, confirmou as férias coletivas forçadas dadas à única equipe da área que atua pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em Anápolis.

O Portal 6 entrou em contato com o médico, assim que se encerraram as 72 horas dadas de aviso à Prefeitura e ao Hospital Evangélico Goiano (HEG). A interrupção dos serviços ocorre como forma de protesto por ele estar sendo impedido de realizar procedimentos de alta complexidade na cidade.

“A partir de hoje minha equipe está desfeita até o dia 10 de agosto. Até hoje tivemos zero resposta, zero contato e zero tudo da prefeitura, da secretaria e do banco de sangue. Não estão nos deixando trabalhar, nesta quarta-feira (19) um dos meus pacientes teve que ser levado de madrugada para uma unidade médica”, relatou.

Francisco Apóstolo foi entrevistado pelo Portal 6 no próprio dia que viria a passar mal. Ele compõe a lista de 38 pacientes aguardando cirurgias de emergência, os quais têm sido redirecionados à Goiânia, para que se tornem responsabilidade do estado.

A descrença com a gestão municipal de Anápolis chegou a níveis alarmantes, de modo que cinco pacientes que aguardavam apenas o apoio financeiro municipal para receberem procedimentos emergenciais faleceram na espera.

Walter revelou que fez uma última cirurgia, antes das férias forçadas, nesta quinta-feira (20). O caso tratou-se de um procedimento simples, encaminhado de forma judicial para a realização no HEG.

“Dei vinte dias porque já passaram quarenta desde que me impossibilitaram de operar, esses 20 dias de férias não vão mudar nada pra secretaria de saúde, não estou podendo trabalhar mesmo. Resolvi dar esse restinho de férias para minha equipe passar com os familiares. Se, no dia 10 de agosto, não tivermos uma solução, o que acho que será o caso, estenderei por mais 10 dias as férias”, desabafou.

Todavia, ele frisou que, caso surjam casos de emergência cirúrgica, se dispõe para o atendimento do paciente, interrompendo assim as férias.

Apesar da medida desesperada, na tentativa de conseguir alguma colaboração por parte da Prefeitura de Anápolis, o cirurgião revelou que a falta de comunicação da atual gestão é crônica. Nas palavras dele, esse problema só será resolvido daqui um ano e meio, com a troca de mando municipal.

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