Delegacia de Anápolis recebe várias denúncias contra jovem que se ‘fantasiou’ de Leandrinha
Delegado responsável, Manoel Vanderic também mandou duro recado para aqueles que trataram situação como "mimimi"
A Delegacia de Proteção à Pessoa com Deficiência de Anápolis já recebeu um total de 07 denúncias formais contra o jovem que foi flagrado “fantasiado” de Leandrinha em um bar da cidade, durante uma festa de Halloween.
A informação foi confirmada ao Portal 6 pelo delegado Manoel Vanderic, responsável pela unidade, nesta quinta-feira (02). O investigador detalhou que as denúncias partiram de 05 pessoas e 02 associações.
O caso ganhou forte repercussão nos últimos dias após viralizar nas redes sociais e ir parar justamente no perfil de Leandrinha, que é uma Pessoa com Deficiência (PcD), digital influencer e ativista da causa.
Por se tratar, no entanto, de um crime que lesa toda uma população, um inquérito já havia sido aberto para investigar e responsabilizar a atitude do rapaz.
“Associações de pessoas com deficiência, pais de pessoas com deficiência e cadeirantes pediram investigação por se sentirem humilhadas por uma imagem que fez chacota com uma condição da essência delas”, explicou o delegado.
Chamou atenção das autoridades policiais, porém, a quantidade de pessoas que também usaram as redes sociais para menosprezar a investigação e tratar toda a situação como “mimimi”.
“Assistimos, sem nenhuma surpresa, uma avalanche de críticas sobre a prioridade da polícia. Nenhuma novidade em uma sociedade que tira mulher negra de piscina à força por considerar que ela suja a água. Na qual colegas de trabalho se reúnem para um homossexual. Na qual adultos imitam um jovem com Síndrome de Down, fazendo-o chorar no ônibus”, afirmou Vanderic.
“Mas não é sobre opinião, é sobre a dor dos outros. É sobre um patrimônio emocional que é violado. E se foi em um contexto de brincadeira, é pior ainda porque quem machuca o outro sorrindo, revela sua maldade. O argumento de que não queria ofender não relativiza o resultado nas vítimas”, acrescentou.
O investigador também incentivou que todas as pessoas que forem vítimas de crimes de intolerância busquem a delegacia, além disso rebateu críticas dos que afirmam que o caso não deveria ser importante, uma vez que há pela cidade diversos outros crimes para serem investigados.
“Anápolis foi a primeira cidade do estado a ter uma Delegacia de Proteção à Pessoa com Deficiência.
Funciona no mesmo prédio que a Delegacia do Idoso, do Grupo que combate crimes de intolerância e da Delegacia de Trânsito. E o recado é: Denunciem”, disse.
“Não posso garantir nada sobre homicídio, roubo e drogas porque não é minha atribuição. Mas dentro do contexto destas 04 especializadas, eu garanto que todas as denúncias serão apuradas. E todos os crimes que atingirem o ser humano na sua essência, envolvendo uma deficiência, cor da pele, religião, orientação sexual e origem, são nossas prioridades”, finalizou.