Delegacia de Anápolis recebe várias denúncias contra jovem que se ‘fantasiou’ de Leandrinha

Delegado responsável, Manoel Vanderic também mandou duro recado para aqueles que trataram situação como "mimimi"

Rafaella Soares Rafaella Soares -
Em festa de Anápolis, homem se fantasia como influenciadora Leandrinha. (Foto: Redes Sociais)

A Delegacia de Proteção à Pessoa com Deficiência de Anápolis já recebeu um total de 07 denúncias formais contra o jovem que foi flagrado “fantasiado” de Leandrinha em um bar da cidade, durante uma festa de Halloween.

A informação foi confirmada ao Portal 6 pelo delegado Manoel Vanderic, responsável pela unidade, nesta quinta-feira (02). O investigador detalhou que as denúncias partiram de 05 pessoas e 02 associações.

O caso ganhou forte repercussão nos últimos dias após viralizar nas redes sociais e ir parar justamente no perfil de Leandrinha, que é uma Pessoa com Deficiência (PcD), digital influencer e ativista da causa.

Por se tratar, no entanto, de um crime que lesa toda uma população, um inquérito já havia sido aberto para investigar e responsabilizar a atitude do rapaz.

“Associações de pessoas com deficiência, pais de pessoas com deficiência e cadeirantes pediram investigação por se sentirem humilhadas por uma imagem que fez chacota com uma condição da essência delas”, explicou o delegado.

Chamou atenção das autoridades policiais, porém, a quantidade de pessoas que também usaram as redes sociais para menosprezar a investigação e tratar toda a situação como “mimimi”.

“Assistimos, sem nenhuma surpresa, uma avalanche de críticas sobre a prioridade da polícia. Nenhuma novidade em uma sociedade que tira mulher negra de piscina à força por considerar que ela suja a água. Na qual colegas de trabalho se reúnem para um homossexual. Na qual adultos imitam um jovem com Síndrome de Down, fazendo-o chorar no ônibus”, afirmou Vanderic.

“Mas não é sobre opinião, é sobre a dor dos outros. É sobre um patrimônio emocional que é violado. E se foi em um contexto de brincadeira, é pior ainda porque quem machuca o outro sorrindo, revela sua maldade. O argumento de que não queria ofender não relativiza o resultado nas vítimas”, acrescentou.

O investigador também incentivou que todas as pessoas que forem vítimas de crimes de intolerância busquem a delegacia, além disso rebateu críticas dos que afirmam que o caso não deveria ser importante, uma vez que há pela cidade diversos outros crimes para serem investigados.

“Anápolis foi a primeira cidade do estado a ter uma Delegacia de Proteção à Pessoa com Deficiência.
Funciona no mesmo prédio que a Delegacia do Idoso, do Grupo que combate crimes de intolerância e da Delegacia de Trânsito. E o recado é: Denunciem”, disse.

“Não posso garantir nada sobre homicídio, roubo e drogas porque não é minha atribuição. Mas dentro do contexto destas 04 especializadas, eu garanto que todas as denúncias serão apuradas. E todos os crimes que atingirem o ser humano na sua essência, envolvendo uma deficiência, cor da pele, religião, orientação sexual e origem, são nossas prioridades”, finalizou.

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