Inércia da Prefeitura pode deixar situação do transporte público ainda mais crítica em Anápolis

Diante da falta de respostas da gestão municipal, dívidas e insatisfações seguem aumentando

Davi Galvão Davi Galvão -
Terminal Rodoviário Urbano, em Anápolis. (Foto: Bruno Velasco)

Seja de casa para o trabalho, para a escola ou para qualquer compromisso um pouco mais distante, grande parte dos moradores de Anápolis conta com o transporte público no dia a dia.

Porém, uma novela que se arrasta há mais de um ano, está colocando em xeque a sustentabilidade do serviço e qualidade do mesmo perante a população.

Isso porque, embora a Urban seja uma empresa privada, o modelo de concessão para transportar os cidadãos na cidade requer autorização da prefeitura para alteração ou reajustes de preços.

E é aí que está o entrave, já que a planilha de custo da empresa, que é encaminhada anualmente para análise, foi engavetada pelo poder público.

“Sempre fazemos o requerimento e reiteramos, mas até o momento não temos notícias de providências”, afirmou o diretor jurídico do Grupo São José, dono da Urban, Carlos Leão.

Conforme ele, custos para manter a frota em funcionamento já estão, há tempos, maiores do que o valor da passagem – desde a crise econômica da pandemia do novo coronavírus – em 2020.

Apesar de, à primeira vista, o congelamento do preço parecer algo até que positivo para os usuários do transporte público, a situação, na realidade, está caminhando a passos largos para se tornar um problema mais grave – tanto para as pessoas que dependem dos ônibus quanto para os colaboradores da empresa.

Na mira, já estão a defasagem dos salários de motoristas e outros funcionários da Urban – que não ganham aumento salarial desde 2022, justamente por conta da falta de respostas da administração municipal. O alvo, uma possível paralisação da categoria.

Carlos destacou ainda que a Urban constantemente solicita ao Centro Administrativo que providências sejam tomadas, informando o valor necessário para operar o sistema e em relação à demanda salarial. Porém, segundo ele, “a Prefeitura não toma nenhuma providência”, fazendo com que seja necessário “vender o almoço para comprar a janta”.

Além disso, conforme explicado pelo representante, a solução para o problema não implicaria necessariamente em aumentar o preço cobrado da população. Uma alternativa seria, por exemplo, o emprego de subsídios, por parte do município, para lidar com esse déficit orçamentário.

“A empresa, na qualidade de operadora dos serviços, já formalizou requerimentos nesse sentido, inclusive com apresentação de estudos técnicos”, destacou, por fim, Carlos Leão.

Tais estudos foram, inclusive, embasados pelo presidente da Agência Reguladora do Município (ARM), Robson Torres que, em entrevistas prévias à reportagem, já havia ressaltado a necessidade da implementação de ferramentas que auxiliem na manutenção do sistema, como os próprios subsídios.

Além disso, Robson também informou que, através de pesquisas feitas pela equipe logística da ARM, o custo por passageiro estaria em torno dos R$ 7.

Portal 6 procurou a Prefeitura de Anápolis para questionar a atual situação do valor da passagem e do reajuste salarial dos funcionários, em especial a falta de devolutivas com relação às demandas da empresa. Porém, também não obteve retorno.

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