Pai aciona a polícia após filho autista ter que esperar quatro horas por atendimento no Ânima

Pequeno foi levado à unidade com mal-estar profundo, 40ºC de febre e lábios roxos. Ânima afirmou estar investigando o ocorrido

Davi Galvão Davi Galvão -
Pequeno Davi teve de aguardar atendimento por diversas horas. (Foto: Arquivo Pessoal)

Foram quase quatro horas na qual Frederico Magalhães teve de assistir, impotente, o filho Davi, de apenas oito anos, e que possui o Transtorno do Espectro Autista (TEA), aguardar para receber cuidados no Ânima Centro Hospitalar, em Anápolis, na noite desta segunda-feira (25).

Após tanta espera, o menino, que apresentava 40°C de febre, lábios roxos e já descascando, além de um mal-estar profundo, ainda teve o atendimento negado, de acordo com o pai.

“Eu falei que isso não estava certo, nas salas não tinha ninguém trabalhando, ninguém na recepção. Foi nessa hora que ele [o chefe de enfermagem] falou para mim que então o meu filho só ia ser atendido quando os policias chegassem, que foi quando eu liguei no 190”, contou ao Portal 6.

O pai de Davi explicou que levou o filho até a unidade ainda no período da manhã, após o garoto apresentar febre, dores no corpo e vômito. Na ocasião, o atendimento foi rápido, mas o responsável conta que o médico responsável sequer solicitou um exame de sangue, apenas medicando o menor e o liberando em seguida.

“Meu filho saiu de lá com febre, nem um hemograma ele pediu”, detalhou.

Davi ficou quase quatro horas aguardando atendimento. (Foto: Arquivo Pessoal)

Ao longo da tarde, Davi não melhorou e, por volta das 17h30, teve de retornar até o hospital. Dessa vez, ao passar pela triagem, recebeu uma pulseira amarela, que, pela escala de Manchester, indica pacientes que devem esperar, no máximo, uma hora até serem atendidos.

Entretanto, não foi o que aconteceu. Apesar de ainda possuir autismo – o que contribuiria para prioridade na fila – Frederico conta que viu o filho sofrer, com o termômetro registrando 40 °C de temperatura, por quase quatro horas.

“Tinha muita gente lá, muitas crianças, eu entendo. Não estou falando para passar meu filho na frente de quem era mais urgente. Mas não tinha rotatividade nenhuma. Na recepção não tinha ninguém, nenhum médico na sala de triagem, o que estava acontecendo?”, questionou.

Diante da situação e com a piora no quadro do pequeno, Frederico buscou o chefe de enfermagem do local e questionou se havia alguém responsável pelo local, ao que foi respondido com uma negativa. Ao indagar sobre a demora, ele lhe informou de que se tratava do excesso de demanda.

Entretanto, notando que o atendimento de nenhum outro paciente era realizado, o pai de Davi afirmou que iria chamar as autoridades para resolver a situação.

Com a chegada dos militares, por volta das 21h, Frederico conta que o atendimento não só do filho, como também o dos outros pacientes, começou a ter prosseguimento, com funcionários e a equipe médica “misteriosamente” aparecendo.

“Meu filho foi atendido, com relação ao médico que tomou conta dele, nada a reclamar, super atencioso, passou uma série de exames, colheu sangue, fez tudo. Mas como que isso só foi possível quando a PM chegou? Onde estavam os funcionários antes?”, questionou.

Ele ainda afirmou que pretende tomar medidas legais contra a unidade de saúde, não visando ressarcimento, mas sim para que tal situação não volte a acontecer com nenhum outro pai.

 

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O que diz o Ânima Centro Hospitalar

Portal 6 questionou o hospital acerca do episódio, ao que o centro médico informou que “não compactua com atitudes de desrespeito, preconizando por um atendimento humanizado” e que está investigando o caso.

Além disso, declarou que o funcionamento da unidade vem enfrentando desafios com a epidemia de dengue.

O Ânima também foi indagado sobre as diversas outras denúncias encaminhadas à reportagem, evidenciando a demora no atendimento, ao que respondeu que, além da dengue, a cidade também voltou a presenciar um aumento nos casos de Covid-19.

Ademais, o centro hospitalar garantiu que “tem trabalhado para que todos os pacientes recebam o devido atendimento, aumentando o quadro de médicos com intuito de diminuir o impacto nesse cenário”.

Confira a nota da unidade de saúde, na íntegra:

“O Ânima Centro Hospitalar não compactua com atitudes de desrespeito, preconizando por um atendimento humanizado. A unidade está investigando o ocorrido para tomar as devidas providências.

O Ânima Centro Hospitalar destaca que, 2024 está se configurando, até o momento, como o pior ano para a epidemia de Dengue no estado de Goiás, com mais de 116 mil casos registrados, segundo a Secretaria Estadual de Saúde. Além disso, também foi registrado aumento nos casos de Covid-19 e outros quadros respiratórios.


Por conta desse aumento exponencial, há uma demora maior que o previsto. Porém, o Ânima tem trabalhado para que todos os pacientes recebam o devido atendimento, aumentando o quadro de médicos com intuito de diminuir o impacto nesse cenário”.

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