O drama do pintor de Anápolis que quase morreu em acidente e não consegue se aposentar pelo INSS: ‘por que iria fingir?’

Com seis meses de aluguel atrasado e sem dinheiro nem para comprar materiais escolares da filha, ele já se encontra quase sem esperanças

Davi Galvão Davi Galvão -
Paulo após o acidente. (Foto: Arquivo Pessoal)

Já com seis meses de aluguel atrasado e sem condições até mesmo de pagar os materiais escolares da filha, o anapolino Paulo Cesar Vaz Cardoso, de 48 anos, impossibilitado de trabalhar, luta já há mais de quatro anos pelo direito de se aposentar por meio do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).

Em entrevista ao Portal 6, o ex-pintor, que vive com dores e movimentos restritos contou que, ainda em janeiro de 2020, foi contratado para pintar os hangares da Base Aérea da Anápolis (BAAN). Sobre um andaime, há mais de oito metros de altura, ele despencou, em um acidente que por pouco não lhe custou a vida.

“Foi uma dor horrível, a queda muito seca. Quebrei os dois tornozelos, ambos os pés, o joelho esquerdo, e arrebentei todos os tendões do ombro direito. Não sobrou um”, relembrou.

Levado às pressas ao hospital por uma ambulância da própria BAAN, para a surpresa de muitos, ele sobreviveu. Porém, em decorrência das sequelas, percebeu que a vida nunca mais seria a mesma.

Após uma série de cirurgias, sendo algumas sem resultado, Paulo perdeu completamente a mobilidade de um dos pés, anda de muletas e não consegue sequer levantar o braço direito acima da altura do peito.

Radiografia do pé direito de Paulo, que foi colocado em uma gaiola, posteriormente. (Foto: Arquivo Pessoal)

Sem condições de trabalhar, logo após o acidente, Paulo recebeu uma licença em caráter temporário  de dois meses por parte do INSS, que depois foi estendida em mais quatro mese e, ao final deste prazo, por outros dois anos.

Nesta última vez, ele contou que o médico responsável pela perícia chegou a afirmar que o caso dele era de aposentadoria por invalidez, mas que, ainda assim, não concederia o benefício.

“Parece que esses médicos do INSS fazem por maldade, buscam o possível para não te aposentar”, confessou.

Na quarta vez em que se encaminhou para estender a licença, por volta de agosto, veio a notícia: o benefício havia sido cancelado.

“Não entendo como eles ficam duvidando. Eu to mendigando um salário mínimo, por que iria fingir? Ganhava quatro vezes isso como pintor, mas agora não consigo mais. É pouco, mas preciso desse dinheiro, não consigo fazer mais nada”, lamentou.

Inconformado, Paulo procurou a Justiça, e após muita burocracia e uma nova avaliação, foi constatado que ele, de fato, não tinha condições de trabalhar, sendo feito um acordo, em fevereiro, para que recebesse 90% dos valores dos meses anteriores, em um prazo de 60 dias úteis.

Apesar disso, ainda não foi definido se o ex-pintor receberá o benefício em caráter definitivo, ou se continuará sendo submetido à inconsistência e insegurança do sistema, mês a mês.

“Esses dias para trás, não estava com o dinheiro nem de pagar os materiais da minha menina, era coisa de R$ 200, que tive que pegar emprestado para conseguir pagar. Agora com meu aluguel, são quase R$ 7 mil atrasados, e se me mandarem embora? O que eu faço?”, se desesperou.

O Portal 6 entrou em contato com o INSS, mas não obteve retorno até o momento. O espaço segue aberto.

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