Ponte danificada da Avenida Ana Jacinta preocupa moradores e ambientalista explica que problema é “mais embaixo”

Maneira como os córregos se desenham, atravessando áreas de grande concentração de asfalto, carrega diversos fatores de risco

Samuel Leão Samuel Leão -
Ponte sobre a Avenida Ana Jacinta. (Foto: Reprodução)

Passando por uma das pontes mais antigas de Anápolis, situada na Avenida Ana Jacinta -atrás da Rodoviária -um morador flagrou rachaduras que demonstram um possível desgaste da estrutura, acendendo um alerta de preocupação.

Isso porque, por trás desse sintoma estrutural, esconde-se um problema generalizado da cidade, já que a maneira como os córregos se desenham, atravessando áreas de grande concentração de asfalto, carrega diversos fatores de risco.

Foi o que explicou ao Portal 6 o ambientalista Antônio El Zayek. Ainda segundo ele, com os leitos canalizados e assoreados, a água escoa para fora do curso pretendido – e invade zonas urbanas.

Antônio Zayek durante apresentação do Politec. (Foto: Reprodução/Instagram)

“Acontece é que, à medida que a cidade foi se desenvolvendo, ela foi se impermeabilizando. Temos o conceito de escoar, e não de percolar, então a água não volta para o solo, mas sim para o leito dos rios, pelas galerias, gerando esse excesso”, explicou.

 

Círculo vermelho sinaliza o local da ponte em questão. (Foto: Reprodução/ Google)

“Ano passado tivemos uma chuva de 80 mm, que nunca havia ocorrido nessa região antes. A ocupação da caixa dos córregos e rios, que é o entorno, o assoreamento, a própria canalização deles, e a perda da cobertura vegetal, são fatores que se unem e, quando a inversão térmica causa a precipitação sobre a zona urbana, a cidade não acomoda”, detalhou.

O especialista explicou também que a maioria das obras, como é o caso desta ponte e de diversas outras, que até caíram em 2023, o planejamento foi feito baseado em outra lógica. Desatualizadas, elas acabam fadadas à destruição, causada pelo aumento crescente do fluxo hídrico.

Alternativa

A situação percebida nas estruturas desgastadas, na realidade, indica um problema ainda maior que a queda de pontes, que também poderá ser causado pela má recepção das chuvas. A perda da água da cidade, que pode gerar crises hídricas no futuro, depende da recarga dos lençóis freáticos e do devido direcionamento das enxurradas.

Zayek ressaltou que a Saneago, companhia responsável pelo abastecimento de água em Goiás, conseguiu uma autorização para furar diversos poços pela cidade, com o intuito de aumentar a oferta de água. No entanto, frisou que tal ação será ineficaz se não for acompanhada por uma atuação sistematizada do poder público.

“A única possibilidade que nós temos é reabilitar a paisagem e o serviço ecossistêmico dela, que é o que a natureza faz, de receber a água de volta ao chão e quebrar o calor pela árvore. Existe solução e ela já foi aprovada em Anápolis, já está no Plano Diretor, só falta executar. Espero que nosso próximo governante tenha a sensatez de executar isso”, finalizou.

O que diz a Secretaria de Obras

Ao Portal 6 o diretor da Secretaria de Obras, Meio Ambiente e Serviços Urbanos de Anápolis, Albenzio Filho explicou que a Saneago teve que deslocar uma adutora para possibilitar a intervenção da prefeitura no conserto da ala de passagem.

Entretanto, segundo ele, a ponte não tem “problema nenhum”, apenas a ala que teria caído e fechado a passagem, sem danos estruturais. Já a calçada, quebrada pela erosão, será recuperada.

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