Recanto do Lago: a seresta tradicional de Anápolis que foi parar no Fantástico

Local marcou a história de muitos casais que hoje caminham juntos sem tantas opções para as noites anapolinas

Narelly Batista Narelly Batista -
Recanto do Lago: a seresta tradicional de Anápolis que foi parar no Fantástico
(Foto: Reprodução)

Há 16 anos, Anápolis era destaque nacional no cenário de curiosos eventos noturnos. O saudoso Recanto do Lago foi uma das paradas de Maurício Kubrusly no quadro “Me lebra Brasil”, do Fantástico. Com normas rígidas para permanência na melhor seresta da cidade, o espaço foi a sensação dos anapolinos por muitos anos. Pistas lotadas, ambientes que tocavam ritmos diversificados e uma multidão de gente de todos os cantos e grupos sociais da cidade e da região se relacionando.

Naquele tempo, existia algo que quase não vejo mais: contato real. A localização privilegiada à beira de um lago bonito, espaço amplo para se sentar, dançar e perceber-se parte de um ambiente de diversão (de respeito) era um barato total. Mulheres com saias e decotes muito curtos ficavam impedidas de entrar. Sujeitas a medição técnica e orientação: “moça, você pode trocar de roupa e voltar”.

Rapazes de bermuda e chinelo também voltavam para casa sem muita alegria e sem muita animação para que fossem em casa se trocar. Afinal, já tinha homens demais lá. Aos casais (héteros ou não), uma rigorosa vigilância para conter cenas amorosas. O projeto, no entanto, acabava sendo um incentivo para beijos estalados e imediatamente apartados pelos seguranças.

Me lembro das vezes que seguranças impediram amigos embriagados de voltar para casa dirigindo e do banheiro feminino enorme que tinha sempre uma funcionária trocando ideia com as moças, entregando bilhetinhos de paquera com números de telefone que depois daquele primeiro contato, renderiam muitos encontros nas semanas seguintes para dançar, beber cozumel e oficializar um enlace.

O Recanto do Lago marcou a história de muitos casais que hoje caminham juntos sem tantas opções para as noites anapolinas. Lembrar dessa reportagem me faz lembrar do tempo que a festa tinha esse jeito anapolino, meio turrão, mas existia com vigor e participação geral de todas as classes sociais e setores da sociedade. Eu me lembro e você?

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