Longo dia dedicado a Francisco termina com aplausos no lugar que mais frequentava em Roma
Jorge Bergoglio é o primeiro papa em 122 anos de história a restar fora do Vaticano


ROMA, ITÁLIA (FOLHAPRESS) – Duas salvas de palmas e flores deixadas em um altar na escadaria da Basílica de Santa Maria Maior encerraram um longo dia dedicado a Francisco neste sábado (26), em Roma. Após um funeral com a presença de chefes de Estado e 400 mil pessoas entre a Praça São Pedro e o trajeto de seis quilômetros pela capital italiana, algumas centenas participaram da reza do rosário dedicada ao pontífice, na noite romana, em frente ao local em que foi sepultado.
Jorge Bergoglio é o primeiro papa em 122 anos de história a restar fora do Vaticano, um desejo expresso em testamento, mas ventilado no ano passado em uma entrevista à TV mexicana. Santa Maria Maior era a igreja que mais frequentava em Roma, com a qual dizia ter uma ligação especial.
Chegou a ir ao local uma centena de vezes, na contagem oficial, talvez um pouco mais na percepção dos fiéis. “Eu não vinha muito nesta igreja, mas uma vez entrei por acaso e o encontrei. Foi incrível, ele era muito simpático”, contou Blanca Solorseno, equatoriana, moradora de Roma há oito anos. “Sempre era visto em algum lugar da cidade, sem muitos seguranças, muito tranquilo, sem chamar a atenção. Era como se fosse mais um.
“Francisco provavelmente apreciaria a descrição da admiradora. A escolha pela igreja, situada próxima à Termini, a estação ferroviária central, hotéis baratos e lojas de malas e quinquilharias, parece encaixar mais com o papa argentino do que a gravidade da Basílica de São Pedro, onde estão seus antecessores deste século.
O caixão de madeira, levado em cortejo em um papamóvel, foi recebido no local por um grupo de pessoas socialmente vulneráveis selecionadas pelo Vaticano e que acabou apelidado de “últimos” pela mídia italiana. Eram conhecidos de Francisco, imigrantes irregulares, moradores de rua, travestis. “Não deveriam ser chamados de últimos, eram quem o papa priorizava”, afirmou uma assistente social ao jornal La Repubblica.
À tarde, após o sepultamento realizado a portas fechadas, a praça em frente a Santa Maria Maior abrigava um universo mais mundano, em uma mistura de orações e selfies. Religiosos, turistas, grupos de adolescentes participantes do Jubileu, criadores de conteúdo e equipes de TV dividiam o espaço, ainda sem o altar montado na escadaria da catedral.
À noite, o ícone bizantino Salus Populi Romani, salvação do povo romano, foi retirado da basílica para o rosário. A pintura de Maria com Jesus nos braços em um peça de madeira é uma das atrações da igreja, que tem a torre sineira mais alta de Roma, com 75 metros. Um coral e diversos convidados participaram da celebração noturna, que acontecia sem que o trânsito da área fosse interrompido, dando um caráter curioso ao evento. Alguns carros e motos chegaram a encostar em frente aos telões para acompanhar a cerimônia.
Ao fim da celebração, espontaneamente, a multidão aplaudiu Francisco e sua basílica. Buquês de flores foram entregues a seguranças para que fossem depositados junto ao altar especial improvisado.
O túmulo de Francisco, marcado por uma lápide simples com apenas seu nome inscrito em latim, Franciscus, será aberto para visitação neste domingo (27). Segundo o Vaticano, a Santa Maria Maior abrirá todos os dias, assim como abrigará missas regulares. Como uma igreja normal, como o papa provavelmente gostaria que fosse.
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