SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – No primeiro grande giro internacional de seu segundo mandato, Donald Trump tem sido recepcionado com extravagância e gestos simbólicos que parecem bajular o presidente e os demais integrantes da delegação dos Estados Unidos.
No Qatar, o segundo de três países incluídos no roteiro de Trump para o Oriente Médio, uma cena chamou a atenção nesta quarta-feira (14): a comitiva do presidente americano foi conduzida por dois veículos Cybertruck, da Tesla, empresa cujo proprietário é o bilionário Elon Musk, braço-direito do líder republicano.
Musk, inclusive, faz parte da delegação americana. Em Doha, a capital qatari, o empresário se encontrou nesta quarta com o xeque Bandar bin Saoud al-Thani, o presidente do Banco Central no país do Golfo. De acordo com a imprensa local, eles discutiram finanças e investimentos globais, entre outros assuntos.
Trump e os demais integrantes da comitiva americana desembarcaram no Oriente Médio com o objetivo declarado de não falar de política e focar apenas em negócios -o presidente quer assinar acordos de investimentos que atinjam um valor combinado de US$ 1 trilhão (cerca de R$ 5,6 trilhões), uma quantia avassaladora de dinheiro que equivale a todo o PIB da Arábia Saudita, o primeiro destino da viagem.
Parte dessa meta foi alcançada em Doha com a concretização de um acordo, bastante celebrado por Washington, para a compra de jatos da americana Boeing. A Casa Branca disse que os negócios, envolvendo também outros setores, chegam a US$ 243 bilhões (R$ 1,3 trilhão). Já Trump disse que o pedido feito pela companhia Qatar Airways é o maior recebido pela fabricante dos EUA na história.
A companhia aérea estatal fechou acordo de US$ 96 bilhões para comprar até 210 aeronaves Boeing 787 Dreamliner e 777X fabricadas nos EUA, segundo Washington. Não foram divulgados prazos para o pedido.
Antes de o acordo ser concretizado, agências de notícias informaram que a família real do emirado estava prestes a oferecer a Washington um Boeing 747-8, estimado por especialistas em US$ 400 milhões (R$ 2,27 bilhões). O avião pode ser o item mais caro já doado ao governo dos EUA na história da diplomacia americana. “Eu agradeço muito e nunca recusaria uma oferta desse tipo. Eu teria de ser muito burro para dizer ‘não, não quero um avião muito caro de graça'”, disse Trump sobre o assunto.
Na Arábia Saudita, o primeiro destino de Trump em seu giro pelo Oriente Médio, o presidente americano teve uma recepção luxuosa. O republicano desembarcou no Terminal Real, uma seção especial do Aeroporto Internacional King Khalid, em Riad, a capital saudita, e se deparou com uma delegação de empresários e membros da realeza -incluindo o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, governante de fato da região.
Trump disse que a Arábia Saudita se comprometeu a investir US$ 600 bilhões por meio de dezenas de acordos nos setores de defesa, inteligência artificial e energia. No entanto, não ficou claro em que período o dinheiro seria investido, e analistas alertaram que alguns dos acordos podem não se concretizar.
Tanto na Arábia Saudita quanto no Qatar, vários caças da Força Aérea escoltaram o avião que transportou Trump. No primeiro destino, a comitiva do presidente também foi acompanhada por cavalos árabes brancos, uma cena que, segundo a imprensa americana, parecia a de um integrante da realeza.
Depois do Qatar, Trump fecha o giro ao Oriente Médio com visita aos Emirados Árabes Unidos.