Barbie com IA pode ‘moldar’ e coletar dados pessoais de crianças, alerta especialista goiana
Pesquisadora levantou questionamentos acerca do quão displicente a sociedade se tornou com o compartilhamento de informações sensíveis


A boneca mais famosa do mundo que já foi médica, cozinheira, advogada, jornalista e tantas outras diversas profissões, se prepara para mais uma novidade: integrar a brincadeira com a coleta de dados sensíveis, tudo através de Inteligência Artificial (IA).
Isso porque a Mattel fechou uma parceria com a OpenIA, para que o brinquedo (que deve sair ainda em 2025) passe a interagir em tempo real com as crianças, como destacado pela pesquisadora em comunicação e IA Jullena Normando.
Muito mais do que um simples brinquedo, ela apontou preocupações com essa integração crescente entre a inteligência artificial e a formação dos pequenos.

Jullena Normando é pesquisadora em comunicação e IA. (Foto: Divulgação)
“Treinar, ensinar, faz parte da infância, é uma das estratégias mais eficazes de moldar e fidelizar uma geração. Colocar IA nos brinquedos, nos bonecos é claramente preparar a próxima geração para não sair do contato com a inteligência artificial. E quando crescerem podem tem dificuldades em lidar com outros humanos, já que desde pequenas estarão cercadas de objetos programados para agradá-las”, ponderou.
Segurança virtual
Além dessa preocupação, outro ponto levantado foi a segurança dos dados pessoais das crianças ao interagirem com a nova tecnologia. Isso porque a proposta de um “brinquedo inteligente” por si só já implica em uma constante adaptação dos dispositivos, se moldando a cada usuário.
Assim, ela levantou o questionamento de até que ponto as informações acerca dos gostos, hábitos, vocabulário e até a visão de mundo da criança serão utilizados pela IA.
“As pessoas que estão coletando esses dados e essas informações são humanas. Sim, são empresas, grandes corporações norte-americanas que têm seus interesses econômicos, comerciais, mercadológicos e políticos. Nós estamos dando essas informações da nossa intimidade para quem?”, questionou.
Por fim, ela refletiu sobre a mudança no paradigma social do que é considerado seguro para a nova geração. Uma vez que, antigamente a preocupação com o meio online e potenciais perigos era uma constante em diversas famílias.
Agora, porém, parece muito mais palatável compartilhar informações pessoais e sensíveis com sistemas automatizados via IA.
“Nesse sentido as pessoas param de questionar de fato o que que está sendo feito com aqueles dados, parece que elas esquecem que são modelos de linguagem, que são propriedade privada de alguém”, finalizou.
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